Contaram os participantes que a visita à obra do metro na Praça da Galiza, "pelo impacto" da intervenção era umas das empreitadas que mais curiosidade suscitava. E, este sábado, a descida a mais de 20 metros de profundidade, onde nascerá a futura estação da Galiza, deixou o público maravilhado.
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"Quis vir particularmente a esta visita, primeiro porque ouvir as histórias contadas pelo Germano Silva é um consolo, depois porque é muito interessante poder acompanhar a evolução da obra", sublinhou, ao JN, Jorge Oliveira, 74 anos, que já havia participado na primeira visita às obras da linha Rosa, que aconteceu na Avenida dos Aliados.
Bem no coração da Praça da Galiza, onde está instalado o estaleiro da obra, Germano começou por assinalar que esta é "uma zona moderna da cidade", recordando que abertura da Rua Júlio Dinis deu-se "apenas nos anos 30".
"Até então o comboio parava junto à Rotunda da Boavista, só a partir de 1939 é que passou a ir até à Trindade".
Na Praça da Galiza "eram só quintas", recordou o historiador do Porto contando que "a referência mais antiga remonta a 1550 e refere-se a este lugar como o Campo do Lugarinho, junto ao rio de Vilar, que era alugado a vários agricultores".
Para surpresa dos presentes, Germano Silva mostrou uma fotografia, de 1939, onde ainda era visível "carros de bois" neste local. E logo acrescentou: "Isto não foi assim há tantos anos e olhem agora a sofisticação à volta".
Do mesmo modo, o historiador explicou que a toponímia da Praça da Galiza "se deve ao facto da cidade do Porto ser geminada com Vigo".
Memórias de criança
Mas esta zona faz também parte das memórias de criança de Germano: "O meu pai era guarda-freio e lembro-me que o elétrico, o 3, vinha até aqui. Como recordou também a ilha do Cruzinho, onde viveu a partir dos cinco anos, no Campo Alegre, e que lamenta estar ao abandono. "Levei lá os políticos todos e apelei que as casinhas do bairro, de 1895, fossem transformadas em residências de estudantes, mas de nada valeu", lamentou.
Já a escola primária de Germano "era mesmo em frente ao Palácio de Cristal, onde a professora já chamava uns [de famílias abastadas] de meninos e outros [os pobres] de rapazes".
A próxima visita às obras do metro acontece no próximo dia 29, às 10 horas, e o ponto de encontro é a esquina da Rotunda da Boavista com a Avenida de França, para ficar a conhecer a nova estação da Casa da Música.
Para participar nestas visitas é necessário fazer uma inscrição, no valor de 10 euros, até à quarta-feira anterior à data pretendida. Esse montante destina-se a uma causa social, a apoiar pela Associação JN Solidário.
O leitor terá de ter em consideração que há um limite máximo de 25 pessoas, sendo aconselhável usar calçado resistente. A Metro do Porto fornece equipamento de proteção.
Nos dias 6, 13 e 20 de maio, os participantes poderão conhecer as obras correspondentes ao prolongamento da linha Amarela, em Gaia. Estão em causa o viaduto de Santo Ovídio e as estações Manuel Leão e Santos Silva.
O ponto de encontro para estas três visitas é a estação do metro de Santo Ovídio.