Marcas de vinho do Porto recuperaram visitantes em 2022, após os tempos de pandemia. Há otimismo para este ano e da Ásia chegam sinais de retoma.
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As caves de vinho do Porto, em Gaia, voltaram a superar o milhão de visitantes, em 2022, recuperando do recuo dos dois anos anteriores, na pandemia, em que a fasquia baixou drasticamente [ver quadro]. O ano passado terminou com cerca de 1,25 milhões de visitas, ainda assim aquém de 2019, o ano recorde, com mais de 1,3 milhões de turistas.
Para 2023 há confiança e o mercado asiático começa a dar sinais de retoma, embora esse processo vá demorar o seu tempo. "Levando em consideração a conjuntura de crise, nomeadamente o período pós-covid, a guerra na Ucrânia e a inflação, a evolução foi bastante positiva", avalia a Associação de Empresas de Vinho do Porto (AEPV) os últimos números.
Também Joana Pais, diretora de enoturismo do Grupo Sogrape, que inclui as marcas Ferreira e Sandeman, diz que 2022 "foi um ano bom". Anota que o primeiro semestre evoluiu "lentamente", mas que "mais para o final do ano a recuperação foi praticamente total".
Satisfatório é, igualmente, o balanço da Fladgatepartnership, que engloba marcas como a Taylor"s e a Fonseca: "Podemos dizer que foi um bom ano de recuperação depois da pandemia. Os valores estão praticamente em linha com os de 2019".
grande embaixador
Abertas todos os meses, as caves funcionam como um grande embaixador do país. Para Joana Pais, são vários os motivos que levam à visita: "A história. Há muita gente que não conhece Portugal, mas já ouviu falar do vinho do Porto, é um embaixador mundial, assim como as marcas fortes que estão associadas. E depois as experiências autênticas que aqui se proporcionam. As pessoas que vêm a uma cave vêm ver um museu, mas que é um museu vivo. Numa visita, durante a semana, é provável que se cruzem com trabalhos de tratamento do vinho e tudo isso. Esta autenticidade é muito atrativa. Isto só se pode ver aqui, não se pode ver em mais parte nenhuma, claro que há outras experiências de vinho espalhadas pelo Mundo, mas depois cada uma tem de ir buscar aquilo que a torna única e diferenciadora".
"A nossa ambição não é crescer em número de visitas, é crescer na oferta de qualidade"
viagens sem restrições
Para esta temporada reina o otimismo. "Há incógnitas. Numa perspetiva macro, há algumas nuvens no horizonte que não podemos ignorar. Todavia, entendemos que 2023 tem todas as condições para ser um ano bom. Encaramo-lo com esperança, procurando sempre inovar na nossa oferta, numa lógica de superar as expectativas", aponta a responsável da Sogrape, observando que do mercado asiático chegam "sinais de que começam a ter vontade e disponibilidade para sair outra vez".
Ainda mais confiante apresenta-se o Grupo Fladgatepartnership: "Este já será um ano sem restrições às viagens e estamos em crer que será excelente".
Detalhes
Prova de vinhos
Por norma, embora cada empresa siga a sua estratégia, a visita às caves termina com uma prova de vinhos.
Totais apurados
As contas da AEVP sobre 2022 são de cerca de 1,1 milhões de visitas. A este número há a somar as 150 mil do Fladgatepartnership, grupo que deixou a AEVP.
Encaixe
"É uma área [caves]claramente rentável para o grupo . Mas tem de haver um equilíbrio entre rentabilidade, reputação e criação de imagem. É o maior veículo que temos para construir as nossas marcas", explica a Sogrape.