Aluna, de 10 anos, tem medo dos colegas. Mãe acusa direção de inoperância, mas Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares autoriza transferência.
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Há 15 dias que Ânia Almeida, de 10 anos, não mantém a rotina de ir à escola. A menina foi consecutivamente vaiada no recreio da Escola Básica Dr. António Augusto Louro, no Seixal, pelos colegas da turma do quinto ano. De acordo com a mãe, Gabriela Almeida, os colegas chamavam nomes à criança nos intervalos das aulas e enviavam filmes pornográficos para o telemóvel. A criança perante a ameaça dos colegas encaminhava-se para a escola em lágrimas e a custo. A solução foi Ânia deixar de ir às aulas.
O relato em tom de desabafo é da mãe, empregada de café, de 48 anos. A filha tem ficado com a mãe durante os turnos no trabalho. Esta sexta-feira, ao JN, Gabriela diz que vê a filha "cada vez pior e sempre a chorar". A mãe lamenta que "a escola não tenha feito nada", nem responda aos vários e-mails que já escreveu.
A melhor solução para a mãe é mudar Ânia de escola. Nesse caso, a hipótese será a Escola Básica Nun'Alvares, também no Seixal, área de residência da família.
"A minha filha chora muito", conta em desespero, acrescentando que Ânia tem receio que os colegas apareçam "a qualquer momento no café para lhe bater".
"Já escrevi 15 e-mails para a DGEST (Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) e não dão autorização para a Ânia mudar de escola, porque a escola diz que não há problema de bullying e que a minha filha tem todas as condições para regressar à escola, só não vai porque não quer", lamenta.
Contactada esta sexta-feira pelo JN, fonte oficial da DGEST garantiu que Ânia vai ser autorizada a mudar de escola, indo assim ao encontro do pedido da encarregada de educação.
Gabriela Almeida ainda expôs o assunto à Escola Segura da PSP, que nada pode resolver, uma vez que o bullying retratado é dentro da escola e terá que haver uma participação da instituição.
O Jornal de Notícias tentou ontem, quinta-feira, e hoje, por vários meios, contactar a direção da Escola Básica Dr. António Augusto Louro, que não respondeu.
Gabriela Almeida divulgou os atos de violência para com a filha nas redes sociais. De imediato, surgiram vários comentários de apoio. Antigos alunos da Escola Básica Dr. António Augusto Louro comentaram a publicação e partilharam que também sofreram agressões físicas e psicológicas de outros alunos e que a escola se manteve incólume às queixas.