
Alfredo Neves rendido ao património molinológico
Maria João Gala / Global Imagens
Criação de indústria e bons acessos atraíram novos moradores a aldeia do Boco.
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Alfredo Neves, 63 anos, fala junto à azenha dos avós, na aldeia do Boco, em Vagos, que recentemente passou a integrar a Rede Aldeias de Portugal. Cresceu por ali, apesar de os pais terem emigrado para França. "Eu estava destinado a ficar por aqui e a gostar tanto do Boco como gosto". O património molinológico é de uma "riqueza incalculável" e um "fator distintivo" do Boco, assegura.
Não é o único a falar com o coração. O professor Fernando Freire regressou à aldeia onde cresceu após sete anos a residir na praia da Costa Nova, no concelho vizinho de Ílhavo. Dos colegas que com ele andaram na escola, só dois (ele e outra pessoa) residem ainda na aldeia. Marcas de uma debandada de que só agora o Boco se está a recuperar.
"O final dos anos de 1990 e início do século XXI foi marcado por muita emigração dos jovens da terra. O número de casas fechadas chegava às dezenas", diz o professor.
Alfredo lembra-se bem. "Passava pela povoação e não se via ninguém. Hoje já há pessoal novo e faz lembrar o passado", conta, sem esconder a satisfação.
Fernando Freire retoma a palavra. "De há três ou quatro anos para cá, desde a criação da nova zona industrial [a poucos quilómetros de distância], houve um grande boom". Muitas "pessoas sem ligação à terra compraram casas antigas e recuperaram ou construíram novas".
Turistas são mais
"Estamos numa aldeia, mas no litoral. Entro na A17 e chego ao Porto em 45 minutos. Temos uma rede viária principal muito perto da aldeia, o que também tem beneficiado isto muito", acrescenta o professor. É por elas que vai chegando um número cada vez maior de turistas, à procura dos trilhos na zona das azenhas.
"Estamos num espaço aprazível e temos qualidade de vida. Temos tudo da vida moderna e tudo da qualidade de vida do passado", resume o professor.
Com a "chancela Aldeias de Portugal", o Boco espera "ficar no mapa", afiança a vereadora Sara Caladé. A Autarquia também "tem uma candidatura do Turismo de Portugal aprovada, relacionada com uma rede de moinhos e azenhas" e algumas do Boco irão integrar mais esta rede.
