Carros que vêm da EN101 deixam de poder entrar na urbanização das Fontainhas, pela Rua António Marinho. Câmara quer privilegiar peões e fala em proteção aos moradores.
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Os moradores e comerciantes da urbanização das Fontainhas, na freguesia de São Vicente, em Braga, dizem-se indignados com o corte do acesso à Rua António Marinho, junto à EN 101, por entenderem que a medida obrigará a população a enfrentar o "trânsito caótico da Rotunda de Infias". A Câmara Municipal compreende os receios, mas justifica que o fecho da rua privilegia "a proteção do bairro", evitando que este sirva de zona de atravessamento dos carros ao centro da cidade.
A intervenção surgiu na sequência das obras das "zonas 30", que estão a transformar quatro bairros de Braga, para dar prioridade à mobilidade dos peões. José Macedo, membro da plataforma cívica "Amigos da Freguesia de São Vicente", elogia o projeto que deixou o bairro "mais bonito", mas está convencido de que, quando começarem as aulas, vão surgir problemas com o direcionamento de todo o trânsito para a rotunda de Infias.
"Temos à nossa volta a escola Sá de Miranda, os colégios D.Diogo de Sousa e o Leonardo da Vinci. Isto vai ficar ainda mais caótico", defende José Macedo, explicando que a ligação à Rua António Marinho, a partir da EN 101, permitia que muitos condutores, que chegam do sentido de Vila Verde, da estação de comboios e até da circular urbana, evitassem a rotunda para ter acesso ao centro da cidade.
"Esta entrada servia como escapatória. Como morador e lojista, acho que isto foi muito mau. Em dois dias, houve quebra de 90% no trânsito", contabiliza Paulo Miranda, sublinhando que, "em vez de 10 metros, os moradores passam a fazer 800 metros para chegar a casa".
José Henriques, outro morador, acrescenta que a criação de uma "zona 30" veio, também, "retirar estacionamento". "Os passeios já tinham largura suficiente", defende o queixoso, considerando que "não terão havido estudos suficientes para perceberem as necessidades da população".
De acordo com Miguel Mesquita, responsável pela divisão de Planeamento e Mobilidade da Câmara, a perda de lugares para viaturas "foi residual". Quanto aos pilaretes que, agora, cortam a Rua António Marinho, tiveram exatamente o propósito de "retirar trânsito que não era dos moradores". "Estamos a privilegiar a proteção do bairro", reforça o engenheiro, acrescentando que intervenção vai permitir criar uma zona arbórea e deslocalizar a paragem de autocarro.
"Queremos melhorar a qualidade de vida das pessoas, voltar a ter os idosos nos passeios, as crianças a brincar na rua, as cadeiras de roda sem ficarem entravadas. Andamos a corrigir a cidade", conclui o vereador do Urbanismo, Miguel Bandeira.