A bexiga fica tímida, o esfíncter não relaxa, e nada acontece quando há gente do outro lado da porta da casa de banho. Um problema fisiológico? Uma questão emocional? O que acontece, afinal?
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Levanta-se da secretária, vai à casa de banho do trabalho, quatro compartimentos à disposição com paredes que não chegam totalmente ao teto, uma pessoa está a lavar as mãos no lavatório, duas entram logo atrás, só há uma sanita disponível naquele momento, entra, fecha a porta, e a vontade de fazer chichi desaparece de repente e completamente. Está gente perto, a dois passos. Vai dormir a casa de amigos, são três da manhã, levanta-se para ir à casa de banho, silêncio total, o prédio tem vários andares, está no terceiro piso, senta-se na sanita, o chichi não sai. A bexiga não obedece à vontade. O que se passa?
É a bexiga tímida, ou melhor, parurese, em linguagem técnica, científica. Numa explicação mais simples e corrente, aquele medo de usar uma casa de banho pública ou fora de casa quando há gente por perto. Ana Meirinha, médica urologista do Grupo Lusíadas, explica o que é. “É uma síndrome que não tem causas em bloqueios físicos à saída de urina. As pessoas podem ter dificuldade em iniciar a micção ou mesmo não conseguir urinar. Algumas só conseguem urinar completamente sozinhas e sem ruídos.” É mais comum do que se imagina, afeta à volta de uma em cada dez pessoas, de ambos os sexos, principalmente entre os 30 e os 40 anos, embora não se restrinja a estas idades. E mais perturbadora da qualidade de vida do que se pensa.