As Unidades de Apoio ao Alto Rendimento nas Escolas nasceram em 2016 para revolucionar o percurso académico, as carreiras desportivas e as vidas de jovens atletas, que juntam boas notas às medalhas e aos troféus.
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A imagem foi tão impactante que sentiu necessidade de arranjar forma de a olhar diariamente, como se ali estivesse todo o propósito daquilo que pensou, idealizou e criou. Victor Pardal não esquece, torcendo para que outros também se inspirem no exemplo representando. Era uma terça-feira e no domingo anterior Ana Rita Teixeira sagrara-se campeã mundial de ginástica acrobática. No entanto, ali estava ela, desligada do Mundo e das odes que lhe dedicavam, numa sala de estudo, acompanhada de uma professora, agarrada aos livros, a recuperar matéria que os treinos, as provas, as viagens, os estágios, as reuniões, um sem fim de afazeres fundamentais para se manter ao mais alto nível na atividade desportiva lhe adiaram. Hoje, forma-se em arquitectura na Universidade do Porto, algo que seria provavelmente impossível sem o suporte das Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE), programa que nasceu em 2016 com o objetivo primordial de “conciliar a atividade escolar com a prática desportiva de alunos/atletas do Ensino Básico e Secundário enquadrados no regime de alto rendimento, seleções nacionais ou de elevado potencial desportivo”. Que é como quem diz: não deixar que as vidas académica e desportiva se atrapalhem sem que seja necessário abdicar de alguma delas.
No último 24 de julho, Diogo Ribeiro conquistou a medalha de prata nos 50 metros mariposa do Campeonato do Mundo, estabelecendo o melhor resultado da história da natação portuguesa. Uma semana antes, Tiago Abiodun foi campeão europeu de ténis de mesa. Mais recentemente, Sisínio Ambriz alcançou o bronze nos europeus sub-20 de atletismo. Os três são atletas-alunos UAARE, onde também há e houve campeões mundiais, campeões europeus, campeões nacionais ou futebolistas que já jogaram na Liga dos Campeões. Só na época desportiva passada, atletas que estão debaixo dos lençóis deste programa “inovador e único na Europa”, de acordo com João Paulo Correia, secretário de Estado do Desporto, acumularam 132 pódios europeus e 90 mundiais. Mas num Mundo sem as Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola, isso teria um custo, terrível e dificilmente recuperável para os jovens e as jovens que hoje são as grandes promessas do desporto português, do futebol à dança, passando pelo atletismo, pelo padel, pelo boxe, pela ginástica, pelo hipismo, pelo ténis, pelo triatlo, pela canoagem, pelo voleibol, pelo andebol, etc.