Artista viu a campanha sensual que fez para a Calvin Klein ser banida no Reino Unido e cita o caso do ator Jeremy Allen White, que aparece seminu e em cuecas pela Europa. Marca soma nova polémica.
Corpo do artigo
A interpretação estética é subjetiva e pode ter dois pesos e duas medidas, como confirma a mais recente campanha da Calvin Klein. No Reino Unido, a produção protagonizada pela cantora FKA Twins foi censurada pela entidade autorreguladora da indústria publicitária, a Advertising Standards Authority (ASA), por alegada “objetificação” do corpo feminino.
Após receber queixas por a marca expor a artista como um “objeto sexual estereotipado”, a ASA começou por proibir outdoors junto de escolas, antes de banir a campanha em todo o território britânico. “Concluímos que o anúncio é irresponsável e provavelmente causaria ofensa grave”, justificou o organismo.
Enquanto protagonista, FKA Twigs refutou o ponto de vista, descrevendo-se como “uma linda mulher negra e forte, cujo corpo incrível superou mais dor do que possam imaginar”. “À luz da revisão de outras campanhas passadas e atuais desta natureza, não posso deixar de sentir que existem alguns critérios contraditórios aqui”, acrescentou.
Na verdade, não há coerência, pois enquanto FKA, que até nasceu no Reino Unido, foi censurada, o ator Jeremy Allen White brilha para a mesma marca sensual e com as famosas cuecas brancas na campanha de roupa interior masculina.
Enquanto faz vibrar os fãs pelo romance com a cantora espanhola Rosalía, o protagonista da série “The Bear” tem atraído atenções ao mostrar os músculos que, entretanto, ganhou para interpretar Kerry Von Erich em “The Iron Claw”.
Seminu, tal como FKA Twigs na campanha feminina, Jeremy não teve, contudo, qualquer censura. Aliás, o galã nova-iorquino tem causado tanto furor que a campanha com ele gerou, em apenas 48 horas, cerca de 12 milhões de euros pelo impacto mediático, como avaliou a Launchmetrics.
Duplo padrão
Perante a polémica, a Calvin Klein defendeu que o cartaz com FKA Twigs é semelhante aos que sempre divulgou no mercado britânico e apontou para um duplo padrão ao comparar as publicidades com mulheres ou com homens.
Com argumentos na manga, a verdade é que a grife está habituada a chocar, quebrando regras e tabus. O ano passado, as críticas visaram a contratação de um modelo transgénero, Bappie Kortram, que posou com um sutiã desportivo ao lado da namorada, enquanto, que em 2022, foi o brasileiro Roberto Bete, o trans grávido que celebrou o Dia da Mãe.
Há cinco anos, a Calvin Klein acabou a desculpar-se devido ao anúncio em que mostrava a modelo Bella Hadid a beijar a influenciadora virtual Lil Miquela, após a revolta dos consumidores.
Já em 1980, o anúncio com a atriz Brooke Shields, quando esta tinha apenas 15 anos, suscitou controvérsia e foi mesmo censurado em vários canais de televisão.