A atriz vencedora de um Óscar regressa aos estudos aos 48 anos. O novo percurso académico de Jessica Chastain reflete o seu compromisso com causas sociais e com a defesa da igualdade de oportunidades.
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Jessica Chastain está de volta à sala de aula. A atriz, que conquistou o Óscar de Melhor Atriz em 2022 pelo filme "Os Olhos de Tammy Faye", matriculou-se no mestrado em Administração Pública da John F. Kennedy School of Government, da Universidade de Harvard. Segundo fontes próximas, Chastain tem sido vista a frequentar aulas na prestigiada instituição durante o verão.
O programa, com a duração de dois anos, é dirigido a profissionais com experiência prática e formação avançada em economia, políticas públicas ou gestão. "O currículo do mestrado é flexível. Cada estudante constrói um plano de estudos adaptado aos seus interesses académicos, metas pessoais e objetivos profissionais", descreve o site oficial de Harvard.
Educação como motor de mudança
Este novo rumo na vida da atriz está longe de ser simbólico. Em dezembro de 2024, durante a cerimónia dos Prémios American Cinematheque, Chastain partilhou um testemunho comovente sobre a sua infância marcada por desigualdades sociais e pela importância da educação no seu percurso. "Fui a primeira da minha família a não engravidar na adolescência, a concluir o ensino secundário e a entrar na universidade", afirmou, emocionada.
A artista recordou que a mãe, a avó, a bisavó e uma tia foram obrigadas a abandonar os estudos ainda na adolescência, em resultado de gravidezes precoces e da necessidade de aceitar empregos mal remunerados. A sua entrada na Juilliard School, em Nova Iorque, onde concluiu a licenciatura em Belas-Artes em 2003, representou uma rutura desse ciclo. Em maio de 2024, recebeu da mesma escola um doutoramento honoris causa, em reconhecimento pelo seu contributo para o cinema e o teatro.
Antes da fama, Chastain frequentou o Sacramento City College e a American Academy of Dramatic Arts. Estreou-se no cinema em 2008, com o filme "Jolene", e destacou-se em produções como "A Hora Mais Negra", "Interstellar" e ""Os Olhos de Tammy Faye", com a qual arrecadou, além do Óscar, os prémios Critics Choice e SAG.
Da fama ao ativismo num cenário político turbulento
Fora do ecrã, tem sido uma voz ativa em defesa dos direitos das mulheres e do acesso à saúde reprodutiva. Em 2017, foi homenageada pela revista "Variety" pelo seu trabalho com a "Planned Parenthood", organização à qual recorreu antes de se tornar uma estrela de Hollywood. "O acesso a cuidados de saúde reprodutiva acessíveis permite que uma mulher tenha as mesmas oportunidades que os seus pares masculinos de decidir sobre o seu corpo, a sua vida e a sua saúde", afirmou na altura.
A decisão de regressar aos estudos surge num contexto político tenso para Harvard. Desde maio, a universidade está envolvida num confronto com o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, que revogou a autorização para a admissão de estudantes internacionais e congelou o financiamento público destinado à instituição. Acusada pelo executivo de promover discursos antissemitas e de encorajar o extremismo no campus, Harvard tornou-se o novo alvo das políticas ideológicas da atual administração.