O rapper Sean "Diddy" Combs recorreu ao "poder, à violência e ao medo" como líder de uma organização criminosa com décadas de existência, disse, esta quinta-feira, a procuradora durante os argumentos finais do julgamento mediático do artista por associação criminosa e tráfico sexual.
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A procuradora Christy Slavik resumiu o que a procuradoria apresentou ao longo de horas de depoimentos de 34 testemunhas, milhares de páginas de mensagens, gravações telefónicas e vídeos de sexo explícito exibidos durante mais de sete semanas de julgamento. "Ele usou o poder, a violência e o medo para conseguir o que queria", acrescentou. Para isso, disse, contava com "leais tenentes" para encobrir os seus crimes, entre eles trabalho forçado, prostituição, suborno e manipulação de testemunhas.
"Ele contava com o silêncio e a vergonha para esconder os seus crimes", denunciou Slavik. "Não aceitava um 'não' como resposta", completou, antes de lembrar que Diddy "tornou-se mais poderoso e mais perigoso graças ao apoio do seu círculo íntimo e dos seus negócios".
Slavik deixou claro ao júri que este caso não se trata de criminalizar práticas sexuais não convencionais. "Não se trata, de forma alguma, de livre escolha", afirmou. As mulheres envolvidas nas orgias sexuais estavam "drogadas, cobertas de óleo, com dor e exaustas", enquanto Combs as obrigava a manter relações sexuais com trabalhadores do sexo por horas e, às vezes, dias.
Segundo a procuradoria, o músico que colocou o hip hop no cenário mundial obrigou duas mulheres, a cantora Casandra "Cassie" Ventura e, mais tarde, outra mulher que depôs sob pseudónimo, a manterem relações sexuais sob efeito de drogas com acompanhantes pagos. Ambas mantiveram relacionamentos com Diddy, que está detido desde setembro após Cassie apresentar uma denúncia contra ele em 2023 por agressão sexual e violação, posteriormente retirada após um acordo financeiro com o rapper. Depois de Cassie, outras vítimas apresentaram também denúncias, o que o levou ao banco dos réus.
Ao longo dos argumentos finais, Slavik também fez referência ao testemunho de um psicólogo forense que explicou ao júri como as vítimas ficam presas aos abusadores. A procuradora pediu ao painel que se colocasse no lugar de Ventura: "Imaginem o terror de nunca saber quando chegará o próximo golpe. Agora imaginem tentar dizer não a essa pessoa", clamou.
A acusação mais grave, a de associação criminosa, pode levar Diddy à prisão perpétua, caso seja considerado culpado. O rapper também enfrenta acusações de agressão, tráfico sexual e duas de transporte com fins de prostituição.
Combs, que se recusou a depor em sua defesa, nega tudo. Os advogados alegam que os relacionamentos do artista foram consensuais e tentam convencer o júri de que muitas testemunhas o acusaram por interesse financeiro ou vingança. Muitas das gravações mostram sofrimento por parte das supostas vítimas, mas várias mensagens também revelam afeto e desejo, o que a defesa enfatizou repetidamente.
Assim que os argumentos finais forem concluídos, provavelmente na sexta-feira, o júri vai-se retirar para deliberar.