
Francis Ford Coppola preferiu recorrer ao próprio património para financiar os seus projetos cinematográficos
Foto: Tiziana FABI / AFP
Aos 86 anos, o icónico realizador Francis Ford Coppola vai leiloar sete relógios da sua coleção pessoal, incluindo uma peça única desenhada por si com François-Paul Journe. O objetivo é angariar fundos para novos projetos cinematográficos, após o fracasso do filme "Megalopolis".
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Francis Ford Coppola, vencedor de quatro Oscars e realizador de clássicos como "O Padrinho", decidiu pôr à venda parte da sua coleção pessoal de relógios de luxo. Entre as sete peças que irão a leilão nos dias seis e sete de dezembro, em Nova Iorque, destaca-se um protótipo único criado em colaboração com o conceituado relojoeiro François-Paul Journe.
O F.P. Journe FFC Prototype é uma peça singular que utiliza uma mão humana mecânica para indicar as horas, um conceito idealizado por Coppola e concretizado por Journe após anos de desenvolvimento. "Falar com Francis em 2012 sobre a ideia de usar uma mão para marcar o tempo inspirou-me a criar um relógio que nunca teria imaginado sozinho", afirmou o relojoeiro. O protótipo tem um valor estimado em cerca de um milhão de dólares (cerca de 960 mil euros).
Entre paixão e necessidade
O leilão surge na sequência do investimento pessoal de Coppola no ambicioso filme "Megalopolis" (2024), que custou cerca de 120 milhões de dólares (cerca de 115 milhões de euros) e arrecadou apenas 14,3 milhões de dólares (cerca de 13,7 milhões de euros) em todo o mundo. "Preciso de conseguir algum dinheiro para manter o barco à tona", declarou o realizador. Para financiar este projeto, o cineasta não recorreu a estúdios, preferindo use o próprio património.
Além do protótipo, a coleção inclui outros seis relógios, entre eles o FP Journe Chronomètre à Résonance de platina, oferecido pela sua falecida mulher, Eleanor, em 2009. Para Coppola, vender estas peças representa não apenas uma forma de recuperar fundos, mas também continuar a alimentar a sua paixão pelo cinema, apesar das adversidades financeiras e da idade avançada.
Mesmo com os reveses e uma carreira marcada por altos e baixos, o realizador mantém vivo o desejo de criar. "Cada filme que fiz foi um fracasso maior que o anterior", comentou em entrevistas passadas. Contudo, essa dedicação ao risco e à visão artística continua a caracterizar o percurso de um cineasta que, aos 86 anos, ainda não desistiu de perseguir os seus sonhos.

