Sem trabalho devido à paralização de argumentistas e atores, Billy Porter pôs a casa à venda. Artistas atravessam dificuldades financeiras devido à paragem forçada, e já há quem atravesse dificuldades. Os mais ricos estão a fazer doações.
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O futuro de Hollywood começa a ficar ameaçado devido à greve que, pela primeira vez desde 1960, pára atores e argumentistas, em luta por aumentos salariais e direitos de imagem quando a inteligência artificial ganha terreno. Famosos da Sétima Arte trocam as mansões pelos piquetes, e alguns já acusam dificuldades económicas.
Vencedor do Emmy de melhor ator na série “Pose”, Billy Porter garante que vai ter que vender a casa na ilha de Long Island, perto de Nova Iorque.
“Não sei quando voltaremos [a trabalhar]. A vida de um artista, até fazer algum dinheiro, algo que eu não fiz, ainda depende de cada cheque. Deveria estar num filme novo e num espetáculo que começaria em setembro. Nenhum deles vai acontecer”, revelou Porter ao jornal “Evening Standard”. “Portanto, para a pessoa que disse ‘vamos deixar que passem fome e que comecem a vender as casas’, a mim já me colocaram num aperto”.
Enquanto protestam, muitos perdem rendimentos, principalmente quem não tinha uma boa retaguarda. “Estamos a tentar manter a cabeça à tona”, afirmou o ator Josh Hooks, de 43 anos, que tinha em mãos papéis em várias séries e até num filme, até que tudo parou. Atualmente, confessa “a sorte de ser contratado para limpar apartamentos”.
Milhões doados
Há ainda testemunhos de que alguns “estão a trabalhar em três ou quatro sítios diferentes para sobreviver”. “Dificilmente nos podemos considerar da classe média. Não temos seguros, é difícil comprar comida. Vejo pessoas aqui em lágrimas porque não sabem como vão resistir”, partilhou uma das atrizes, à agência Reuters.
O ator e presidente da Fundação do Sindicato dos Atores, Courtney Vance, avançou que receberam “mais de 400 pedidos de apoios de emergência só na última semana”. Para ela, “é um desafio imenso”.
Muitos atores de elite e em posição confortável têm-se juntado aos piquetes, enquanto outros doaram dinheiro para apoiar a greve. Entre eles, contam-se George Clooney, Arnold Schwarzenegger, Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Hugh Jackman, Meryl Streep, Nicole Kidman, Julia Roberts e Oprah Winfrey.
Já terão sido angariados mais de 13 milhões de euros em prol dos membros mais carenciados do sindicato.
Segundo Courtney, pretende-se que “não percam as suas casas, tenham a capacidade de pagar por serviços públicos, possam comprar comida para as suas famílias, cobrir contas médicas e muito mais”.
Fran Drescher, protagonista da série dos anos 90 “The Nanny”, lidera o sindicato que representa mais de 160 mil atores e apresentadores de cinema, TV e rádio.