A morte da atriz, aos 79 anos, deixou o mundo do cinema em choque. De Niro, Jane Fonda, Leonardo DiCaprio e Woody Allen estão entre os muitos que lhe prestam homenagem, recordando a autenticidade, o humor e a alma irrepetível de uma mulher que marcou gerações.
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O mundo do cinema despede-se de uma das suas figuras mais queridas. Diane Keaton, vencedora de um Óscar e ícone incontornável de Hollywood, morreu no sábado, aos 79 anos, na Califórnia.
A notícia foi confirmada pela família, que pediu privacidade neste momento de dor. Segundo fontes próximas citadas pela "People", a atriz teve um declínio muito repentino de saúde, o que foi devastador para todos os que a amavam.
"Foi tão inesperado, sobretudo numa pessoa com tanta força e espírito", revelou um amigo à publicação norte-americana.
Nos últimos meses, Diane viveu rodeada apenas pelos filhos e familiares próximos, mantendo grande discrição sobre a sua saúde. "Até alguns amigos de longa data não sabiam o que estava a acontecer", adiantou a mesma fonte.
Um raio de vida e de luz
Robert De Niro foi dos primeiros a reagir à morte da colega de elenco de "O Padrinho: Parte II". "Estou muito triste. Tinha um enorme carinho por ela, e a notícia apanhou-me completamente de surpresa. Vai fazer muita falta. Que descanse em paz", disse o ator ao "The Hollywood Reporter".
Francis Ford Coppola, o realizador que a imortalizou no papel de Kay Adams, destacou o seu génio: "As palavras não chegam para descrever o talento e a beleza de Diane. Desde os primeiros papéis, ela era criatividade personificada. Tudo nela era arte."
Leonardo DiCaprio, que contracenou com Keaton no início da sua carreira, recordou-a como "brilhante, divertida e intransigentemente ela própria". "Uma lenda e um ser humano bondoso. Foi uma honra trabalhar com ela quando tinha 18 anos", escreveu o ator.
Jane Fonda, que partilhou o ecrã com Keaton em "Book Club", sublinhou: "É difícil acreditar que Diane se foi. Era um brilho de vida e de luz, sempre a rir-se dos próprios defeitos, eternamente criativa na representação, na moda, nos livros e na forma de ver o mundo. Única, é o que ela era."
Mary Steenburgen, também amiga e co-protagonista nos mesmos filmes, desabafou: "Diane era magia. Não há, nem haverá, ninguém como ela. Sinto-me abençoada por ter sido sua amiga."
Woody Allen profundamente consternado
Woody Allen, que trabalhou com Diane Keaton em oito filmes ao longo de duas décadas, ficou profundamente abalado com a morte inesperada da atriz, aos 79 anos. Nos anos 1970, tiveram uma relação amorosa, e Keaton serviu de inspiração para "Annie Hall", papel que lhe valeu o Óscar de Melhor Atriz. Após o término, mantiveram amizade e colaboração artística. Segundo a "People", Allen, de 89 anos, afirmou que a perda o fez refletir sobre a sua própria mortalidade.
Keaton brilhou em clássicos de Allen como "Manhattan", "Play It Again, Sam" e "Love & Death". Mesmo nos últimos anos, quando já não estavam tão próximos, Allen manteve grande admiração por ela. Na cerimónia do 45.º AFI Life Achievement Award, em 2017, declarou: "Desde o momento em que a conheci, foi uma grande inspiração. Muito do que alcancei na minha vida devo, sem dúvida, a ela. Ver a vida pelos seus olhos. É extraordinária. É uma mulher que é ótima em tudo o que faz."
Uma artista completa até ao fim
A "People" avança que, em março, Diane Keaton surpreendeu os fãs ao colocar à venda a sua casa de sonho em Brentwood, Los Angeles, uma propriedade que restaurara ao longo de oito anos e sobre a qual escreveu o livro "The House That Pinterest Built".
Conhecida pela paixão pela arquitetura e decoração, a atriz passava horas a fotografar detalhes e a partilhar o processo criativo. "Adorava a sua casa e dizia que era o lugar onde finalmente se sentia em paz", contou a mesma fonte.
Nos últimos tempos, Keaton deixou de ser vista nas suas caminhadas diárias com o cão, que tratava "como uma pessoa". Uma vizinha recordou-a como "engraçada, amável e excêntrica, com um charme de velha Hollywood".
Outros colegas deixaram mensagens comoventes. Octavia Spencer escreveu que Diane "não era apenas uma atriz - era uma força", e Viola Davis acrescentou: "Definiste o que é ser mulher com humor, coragem e alma. Foste e serás sempre inconfundível."
Legado de uma mulher livre
Com um estilo inimitável, chapéus, camisas largas, gravatas e um sorriso inconfundível, Diane Keaton redefiniu a imagem da mulher moderna em Hollywood.
Foto: Robyn Beck / AFP
Venceu o Óscar de Melhor Atriz por "Annie Hall" (1977), brilhou em títulos como "Something's Gotta Give", "The Family Stone" e "Book Club", e manteve-se até ao fim uma presença inspiradora, criativa e profundamente humana.
Deixa dois filhos adotivos, Dexter e Duke, e um legado feito de autenticidade, humor e liberdade. O adeus a Diane Keaton é o adeus a uma mulher que viveu e brilhou sempre à sua maneira.