Iñaki Urdangarin: da família real espanhola à prisão, sem nunca deixar de amar Cristina

Iñaki Urdangarin separou-se da infanta Cristina em 2022, após um longo casamento
Antigo internacional espanhol de andebol assume erros, fala da família e do fim de um casamento marcado pela traição.
Mais de um ano depois de ter terminado a pena de prisão, Iñaki Urdangarin decidiu quebrar o silêncio. Antigo internacional espanhol de andebol, cunhado do rei de Espanha e durante décadas figura associada à família real espanhola como marido da infanta Cristina, concedeu a primeira entrevista televisiva desde que recuperou a liberdade. Fê-lo no programa "Pla seqüència", da La 2 Cat, conduzido por Jordi Basté, onde durante cerca de 50 minutos falou na primeira pessoa sobre a queda pública, a reinvenção pessoal e a necessidade de recuperar o controlo da sua própria narrativa.
Urdangarin recuou ao dia em que soube da condenação a cinco anos e dez meses de prisão por corrupção. "Estava a almoçar com a Cristina, em Genebra. Até ao último momento pensámos que podíamos conseguir", recordou. Pouco depois entrou na prisão de Brieva, em Ávila, escolhida por razões de segurança. "O primeiro dia foi o pior. Fecha-se a porta e tudo cai", afirmou, admitindo que os primeiros meses foram emocionalmente muito difíceis.
Durante a reclusão, Iñaki Urdangarin encontrou algum equilíbrio através do desporto, da escrita e do estudo. As visitas da família, as fotografias na cela e as cartas de desconhecidos ajudaram-no a resistir. "Escrevia o dia a dia, resumos de livros, fazia cadernos", contou, deixando palavras de agradecimento aos funcionários prisionais pelo trato humano.
Família e reconstrução
Os filhos, Juan, Pablo, Miguel e Irene, surgem como eixo central do seu discurso. "Foram um exemplo de resiliência", afirmou, reconhecendo que a experiência o transformou como pai. "Era muito exigente e rígido. Hoje sou mais compreensivo", disse. Pablo, que segue os passos de Iñaki no andebol, reagiu após a entrevista, sublinhando a ligação familiar: "É o nosso pai e ama-nos muito".
Sobre a separação da infanta Cristina, formalizada em 2024, Urdangarin falou com contenção. Reconheceu a dor do fim de um casamento de mais de duas décadas, terminado num contexto de forte exposição pública, após se ter tornado conhecida a sua relação com Ainhoa Armentia, atual companheira. "Foi uma perda muito grande. É uma mulher que amo muito", disse, garantindo não guardar rancor.
Horas antes da emissão da entrevista, foi anunciado que publicará as suas memórias em fevereiro de 2026. O livro, intitulado "Todo lo vivido", revisita a infância, a carreira no andebol, os anos de maior exposição mediática, a passagem pela prisão e o processo de reinvenção pessoal. "Escrevo porque preciso de olhar de frente para tudo o que vivi e partilhar com honestidade", confessou.v

