Na busca de se tornar a primeira mulher presidente dos EUA, até a roupa ajuda na narrativa. A política também passa pela moda, sobretudo feminina.
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Poderosa e feminina; elegante e sóbria, mas empática e acessível. É assim que Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata às eleições presidenciais, quer que o mundo a veja. Nas imagens que passam na televisão, nos breves instantes que a apresentam ao mundo, até o estilo manda uma mensagem; e é tudo estudado, e com um motivo.
Em poucas semanas, tudo mudou na corrida à Casa Branca. O presidente Joe Biden desistiu e a vice-presidente, Kamala Harris, 59 anos, ex procuradora-geral da Califórnia, foi escolhida para o substituir.
Desde que a sua candidatura foi anunciada, os democratas subiram nas sondagens, a campanha ganhou um novo fulgor e houve uma convenção, marcada pelo apoio e pela presença de estrelas de Hollywood, de Oprah Winfrey a John Legend.
Mais jovem, mulher, de origens mistas (mãe indiana e pai jamaicano), culta, forte, é assim que Kamala quer ser vista. E o estilo tem um papel preponderante.
Fatos, ténis e laços
A democrata sempre teve uma inclinação para calças e blazers, mas desde que ingressou na política, reforçou a aposta nos fatos completos: ou em tons neutros como o preto, azul ou bege, ou com simbolismo e mensagens, como o roxo (ousadia e lealdade) e o branco (cor das sufragistas ).
Para o “New York Times”, os seus fatos são “um movimento político por si só”, sendo combinados com joias nas ocasiões mais cerimoniosas e sapatilhas nas mais informais - o seu uso da marca Converse é aliás comum, transmitindo acessibilidade e apelando aos jovens.
Em momentos chave, como a última convenção democrata, o cuidado é ainda maior: na primeira noite, Harris escolheu um fato bege da Chloé, no mesmo tom de um usado há anos por Barack Obama; para depois se despedir com um outro, de um forte azul marinho, da mesma marca.
Gravata feminina
Em ambos, recorreu a blusas com laços, (o chamado pussy bow, numa tradição literal laço de gato) quase uma versão feminina da gravata, tal como fizera na tomada de posse em 2020: de novo, a feminilidade e o poder, combinados.
Para os especialistas, apesar de tal ser “injusto”, a aparência continua a ser mais importante quando falamos de mulheres na política; e nos próximos meses, Kamala Harris deverá usar isso a seu favor.
A política passa pela moda e os especialistas conhecem bem essa arma.