Atriz portuense dá vida a Carmem, uma mulher cigana na nova série da RTP1 "Braga". É muito diferente do que é na realidade, onde deseja mais papéis para se entregar por inteiro e sem preconceitos, como revela ao JN.
Corpo do artigo
No ar desde 7 de maio como Carmem na série policial "Braga", de Tino Navarro, na RTP1, Maria Gil veste a pele de uma mulher cigana, mas muito diferente da cigana que é na realidade. "Não sou cigana de ficção, sou cigana de ADN", diz ao JN, sublinhando que a sua "primeira condição é ser mulher".
"Contratada para ser consultora e para arranjar atores ciganos", a atriz portuense acabou por fazer o casting e ficar com o papel de mãe de Carlitos, uma criança cigana de 12 anos, cuja morte e um caso de pedofilia ditam o desenrolar da história de "Braga".
Para Maria Gil, este trabalho "torna-se um marco, no sentido em que, pela primeira vez, está uma mulher cigana na RTP a fazer de cigana". No entanto, "não represento todas as mulheres ciganas, nem sou a voz de todas", salvaguarda a artista, apontando para a pluralidade e a importância de não se partir de uma ideia estereotipada.
Os estereótipos da série
Na série, "a fabulação recorre a estereótipos e há falas que não correspondem na totalidade ao que são os nossos princípios, valores e até tradições", nota, reconhecendo "alterações que foram sujeitas à narrativa de quem escreveu, de quem vê e de como se veem as pessoas ciganas em Portugal".
Em "Braga", Maria Gil é mãe também de Valter, a quem Salvador Gil, que é seu filho de verdade, dá vida. "Calhou, mas as nossas personagens não se cruzam muito. Depois também temos uma regra em casa e, quando estamos como atores, somos só colegas", confidencia Maria, que é mãe de mais três filhos na vida real.
Enquanto Salvador partilha o mesmo guião do gémeo, Vicente Gil, de 22 anos, é o protagonista da nova série de "Morangos com açúcar", e "teve sempre essa predisposição para ser ator". Estuda teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema e já sobe aos palcos desde 2012.
Recentemente, a mais nova, Mariana, de 17 anos, foi finalista no programa da TVI "Cabelo Pantene". Já o mais velho, António, "trabalha em Turismo".
Ativista antirracismo e feminista, profissionalmente Maria Gil exerceu outros ofícios, antes de se estrear na representação.
Apresentada muitas vezes como "a primeira atriz cigana no nosso país", declina o título por acreditar terem existido outras antes. Além disso, "tenho sempre algum pudor em afirmar-me como atriz. Eu sei que sou atriz, mas eu não posso chamar profissão àquilo que ainda não me dá subsistência".
No currículo, tem vários trabalhos, sobretudo num "cinema mais alternativo" e, claro, em projetos teatrais. Aguarda agora mais oportunidades, que acredita que "Braga" lhe trará.