Príncipe Harry indemnizado em 160 mil euros por escutas telefónicas ilícitas de jornais
O Supremo Tribunal do Reino Unido considerou, esta sexta-feira, que o duque de Sussex foi alvo de uma "extensa" pirataria telefónica por parte do Mirror Group Newspapers, entre 2006 e 2011. O príncipe Harry vai ser indemnizado em 140 mil libras (cerca de 163 mil euros).
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Três dias após um juiz do Tribunal Superior de Londres ordenar que pague 48 mil libras (mais de 56 mil euros) ao “Mail on Sunday” por custas judiciais numa ação de difamação, o príncipe Harry venceu o processo contra o grupo editorial Mirror Group Newspapers (MGN).
Esta sexta-feira, o Supremo Tribunal de Londres determinou que seja indemnizado em 140,600 libras (perto de 164 mil euros), na sequência de escutas telefónicas e outros métodos de obtenção de informação ilícitos por parte de jornalistas, entre 2003 e 2009.
Através do seu advogado, David Sherborne, o filho mais novo do rei Carlos III declarou-se “feliz” com o verídico. “Hoje é um grande dia para a verdade e para a responsabilização”, leu o causídico. Por escrito, Harry ainda acusou o MGN de cometer “comportamentos deploráveis sistémicos, encobertos por dissimulações”, além de considerar que vários editores do grupo, como Piers Morgan, “claramente sabiam” de tudo o que se passava.
Telefone hackeado
Na audiência, o juiz Timothy Fancourt considerou que “o telefone (do príncipe) foi apenas hackeado numa extensão modesta, e que isso foi provavelmente cuidadosamente controlado por certas pessoas em cada jornal”.
Salientou também que só uma parte dos factos foram provados e que “houve uma tendência do duque para assumir que tudo o que foi publicado resultou da interceção do voicemail, uma vez que as escutas telefónicas eram prática abundante no grupo do ‘Mirror’ na altura”.
A BBC acrescenta que o magistrado determinou que o ex-CEO Sly Bailey tinha conhecimento das escutas, apesar de “fechar os olhos”, e que decidiu que 15 dos 33 artigos apresentados como prova resultaram “de escutas do telemóvel ou de outra forma ilegal de obtenção de informações”. Em sequência, o grupo de media emitiu um pedido de desculpas “incondicional”.
Primeiro em 130 anos
Em junho, quando compareceu em tribunal, o duque de Sussex foi o primeiro membro sénior da família real britânica a sentar-se no banco de testemunhas para depor em mais de 130 anos. Na altura, Harry recordou o sofrimento que passou devido à imprensa, atribuindo um “papel destrutivo” aos artigos da MGN na sua adolescência.
O príncipe tem outros processos a correr contra as principais editoras de jornais britânicas, inclusive a News Group Newspapers (NGN) de Rupert Murdoch e a Associated Newspapers Limited (do “Daily Mail”), por sentir-se vítima de assédio e perseguição. No caso decidido esta sexta-feira, pedia uma indemnização de 440 mil libras (511 mil euros).