"Protect the Dolls”: a t-shirt de apoio à comunidade trans que conquistou celebridades como Pedro Pascal
A t-shirt “Protect the Dolls”, criada pelo designer Conner Ives, tornou-se símbolo de apoio à comunidade trans e já arrecadou mais de 70 mil dólares para uma linha de apoio. O ator Pedro Pascal usou-a no seu 50.º aniversário ao lado da irmã Lux, mulher trans e também atriz, e da DJ e ativista Honey Dijon.
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O que começou por ser um gesto simbólico no final de um desfile, em fevereiro, na Semana de Moda de Londres, rapidamente transformou-se numa mensagem global. A t-shirt branca com a frase “Protect the Dolls”, assinada pelo designer norte-americano Conner Ives, tornou-se viral depois de nomes como Pedro Pascal e Troye Sivan a usarem em eventos públicos ou mostrarem-se com ela vestida nas redes sociais.
O ator chileno naturalizado norte-americano, conhecido pelas séries "The Last of Us" e "The Mandalorian", usou a peça no seu 50.º aniversário. Nesse dia, posou com a irmã, Lux Pascal, atriz e mulher trans, e com a DJ Honey Dijon, figura incontornável da cultura ballroom e voz ativa na luta pelos direitos LGBTQIA+, demonstrando apoio familiar e político.
No passado fim de semana, o cantor e ator australiano Troye Sivan usou a t-shirt durante a sua atuação no festival Coachella, na Califórnia, um dos palcos mais influentes da cultura pop atual.
Mais do que estilo, a escolha de Troye teve um peso emocional, pois ele tem sido uma voz ativa na defesa dos direitos LGBTQIA+, sobretudo entre os mais jovens, e tem usado a música e as redes sociais para falar de identidade, saúde mental e liberdade de expressão. No Instagram, o artista mostrou-se com outras celebridades, como Lorde, Charli XCX e Billie Eilish.
Nos Estados Unidos, o slogan “Protect the Dolls” ganhou ainda mais força como resposta ao crescente número de leis que visam limitar os direitos das pessoas trans. Com a presidência de Donald Trump, foram propostas centenas de medidas restritivas em vários estados. A t-shirt tornou-se, assim, um símbolo de resistência e solidariedade, especialmente num contexto político marcado por discursos conservadores e exclusão.
Raízes na cultura ballroom dos anos 80
Inicialmente, Conner Ives não planeava vender a peça. Mas com a enorme procura nas redes sociais, decidiu comercializá-la por cerca de 87 euros. Todos os lucros revertem a favor da Trans Lifeline, uma linha de apoio gerida por pessoas trans, que presta assistência em situações de crise. Mais de mil unidades foram vendidas, ultrapassando os 70 mil dólares (cerca de 65 mil euros) de receita angariada, o que deixa o designer orgulhoso.
A frase, com raízes na cultura ballroom dos anos 1980, era usada como forma de carinho e proteção às mulheres trans — especialmente negras e latinas — que encontravam em eventos underground um refúgio de aceitação e identidade, através de manifestações artísticas. O criador quis homenagear essas vozes e denunciar os ataques crescentes aos direitos da comunidade trans, especialmente na América.
Até há pouco tempo, Conner Ives tentava separar moda e política, mas o clima social e legislativo atual fez com que mudasse de idades. “Lembrei-me do medo que sentia aos 12 anos como rapaz gay nos subúrbios de Nova Iorque. E pensei como será para uma rapariga trans crescer no meio da América, a ouvir todos os dias que não existe”, confessou à revista "Vogue".