Salvador Sobral pede gesto simbólico de Portugal na Eurovisão e acusa ministro de cobardia
Vencedor português da Eurovisão considera que Israel não devia participar e defende que Portugal recuse marcar presença. Salvador Sobral acusa ainda o Governo de "agradar ao Chega" em vez de assumir uma posição clara.
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Salvador Sobral voltou a dar a sua opinião polémica sobre a Eurovisão, certame que venceu em 2017. O músico considera que Israel não devia participar na competição, uma decisão que envolve, na sua visão, questões éticas e o uso de dinheiro público.
"Se eu fosse artista israelita nunca participaria na Eurovisão. É dinheiro público, do Estado israelita, que leva o país à competição", afirmou, em declarações à SIC Notícias.
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Até agora, cinco países - Espanha, Irlanda, Eslovénia, Islândia e Países Baixos - ameaçaram não marcar presença caso Israel participe. Para Salvador Sobral, Portugal também deveria ponderar um gesto simbólico, embora admita que um boicote geral de todos os países seja "irrealista".
Críticas ao Governo
O artista não poupou nas críticas ao Executivo português, acusando o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, de ser "muito cobarde". Sobral defende que a saída de Portugal do festival teria um forte simbolismo, elogiando, em contraste, a coragem do chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez.
Sobral deu exemplos concretos de solidariedade internacional, como a ida de uma ex-autarca de Barcelona numa flotilha humanitária até Gaza, e questionou se figuras portuguesas fariam o mesmo: "Imagina Carlos Moedas? Também não imagino Paulo Rangel."
O músico criticou ainda a estratégia política interna, acusando a AD de "agradar aos eleitores do Chega com medo que continuem a votar Chega". E, comparando Israel à Rússia, destacou o que considera "dois pesos e duas medidas" da Europa.
A próxima edição da Eurovisão está marcada para maio de 2026, na Áustria, e promete novas polémicas em torno da participação de países e dos gestos simbólicos que cada Estado poderá assumir.