O rapper e produtor norte-americano Sean "Diddy" Combs, de 55 anos, foi condenado esta sexta-feira a 50 meses de prisão e a pagar uma multa de 500 mil dólares (cerca de 460 mil euros) pelo crime de transporte de pessoas para fins de prostituição, num caso que envolveu a sua ex-namorada, Cassie Ventura, e outra mulher identificada judicialmente como Jane Doe.
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A sentença foi proferida pelo juiz federal Arun Subramanian no tribunal de Manhattan, em Nova Iorque, após meses de julgamento e intenso debate sobre a gravidade dos crimes e o passado do artista.
Antes da leitura da sentença, Combs dirigiu-se ao juiz, pedindo clemência e afirmando ter aprendido a lição. "Se me der outra oportunidade, não a vou desperdiçar. Sei que aprendi com o meu erro e assumo total responsabilidade", disse, acrescentando que as suas ações foram "repugnantes, vergonhosas e doentias". Pediu desculpa às vítimas, à família e aos filhos, dirigindo-se diretamente aos sete filhos: "As minhas ações foram inaceitáveis. Estou profundamente arrependido e assumo a responsabilidade pelo que fiz."
O juiz Subramanian deixou claro que Combs abusou física, emocional e psicologicamente das vítimas durante mais de uma década. "Você não foi apenas um John. Foi mais do que isso. Abusou delas. Isto foi subjugação", afirmou, salientando que a riqueza e o poder do artista agravaram a gravidade dos atos. A multa e a pena de prisão pretendem enviar uma mensagem pública de dissuasão e reforçar que as vítimas podem confiar no sistema judicial.
Filhos e defesa pedem segunda oportunidade
Todos os filhos adultos de Combs marcaram presença no tribunal e, visivelmente emocionados, apelaram para que o pai tivesse uma segunda oportunidade. Quincy Brown, de 34 anos e filho adotivo, descreveu Combs como "um homem mudado, alguém que evoluiu nos últimos 15 anos". Justin Combs, o primogénito, pediu ao tribunal que se concedesse "uma segunda chance". Christian Combs, filho da falecida modelo Kim Porter, reforçou que o pai lhe ensinou a tratar as mulheres com respeito. Jesse e Delila Combs, ambas com 18 anos, apelaram à justiça para que a família não volte a viver sem a presença paterna.
Foto: TIMOTHY A.CLARY / AFP
Do lado da defesa, a advogada Nicole Westmoreland emocionou-se ao destacar o impacto positivo de Combs na vida de jovens e na comunidade negra, através da música e do empreendedorismo. Jason Driscoll, outro advogado, reforçou que Combs "não é um proxeneta" e apontou disparidades na aplicação da Lei Mann em casos semelhantes, sublinhando que ele não obteve lucro com qualquer alegada atividade ilícita.
A promotora Christy Slavik pediu uma pena mínima de 11 anos, lembrando as lesões infligidas às vítimas e alertando que Combs representaria perigo a qualquer idade. Durante o julgamento, também se esclareceu a situação da chamada "Victim 3", que declarou nunca ter sido traficada ou obrigada a prostituir-se.
No exterior do tribunal, o ambiente era de expectativa e discussão. Alguns consideraram a pena justa, enquanto outros debatiam o equilíbrio entre os erros do artista e o seu legado na música e na sociedade. Nicole, uma observadora presente durante todo o julgamento, afirmou que a pena de 50 meses era adequada para proteger as vítimas, apesar de reconhecer a influência cultural de Combs.
Combs já tinha cumprido 12 meses de prisão antes da sentença e planeava programas de reabilitação e ensino de competências de vida a presos, incluindo cursos de empreendedorismo. Contudo, o tribunal considerou que a gravidade dos crimes exigia uma pena efetiva, mesmo tendo em conta os esforços de reintegração apresentados pela defesa.