Segundo médico assume culpa por fornecimento ilegal de cetamina a Matthew Perry
Em tribunal, Salvador Plasencia, segundo médico implicado na morte de Matthew Perry, assumiu-se culpado por ter fornecido cetamina ao ator pouco antes da sua morte. Enfrenta até 40 anos de prisão por distribuição ilegal da substância.
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Esta quarta-feira, o caso relacionado com a morte do ator Matthew Perry, conhecido pelo papel em “Friends”, ganhou um novo capítulo. Salvador Plasencia, antigo responsável por uma clínica de urgência na Califórnia, admitiu perante um tribunal federal da Califórnia ter fornecido cetamina ao ator pouco antes da sua morte, em outubro de 2023.
Embora não fosse o médico que acompanhava Perry, Plasencia admitiu a sua responsabilidade na cadeia ilegal de distribuição da substância. O relatório da Medicina Legal do condado de Los Angeles indicou que a causa da morte foram os efeitos agudos da cetamina.
A diretora da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) condenou a conduta dos profissionais envolvidos, afirmando que “violaram o compromisso ético de cuidar dos seus pacientes e causaram danos apenas para obter lucro”.
Durante a audiência, Plasencia admitiu ter fornecido cetamina ao ator tanto na sua residência como num parque de estacionamento em Santa Mónica, fora dos protocolos médicos legítimos.
O médico enfrenta até 40 anos de prisão – dez por cada uma das quatro acusações relacionadas com a distribuição ilegal –, estando atualmente em liberdade sob caução até à leitura da sentença, marcada para dezembro de 2025.
De acordo com o ABC News, que teve acesso a esta sessão do julgamento, a advogada de Plasencia, Karen Goldstein, leu um comunicado no qual o médico expressa arrependimento: “O Dr. Plasencia lamenta profundamente as decisões que tomou ao fornecer cetamina a Matthew Perry e assume total responsabilidade”.
A defesa acrescentou que o médico vai renunciar voluntariamente à sua licença médica, reconhecendo ter falhado na proteção do ator.
Salvador Plasencia é o segundo médico a assumir culpa no âmbito desta investigação. Em outubro passado, Mark Chávez também admitiu ter fornecido ilegalmente cetamina a Perry, enfrentando até 10 anos de prisão. O advogado deste referiu que Chávez “assumiu a sua responsabilidade e está a colaborar com as autoridades”.
As investigações revelaram mensagens trocadas entre os envolvidos, evidenciando a exploração da dependência do ator para obtenção de lucro. Numa das conversas, Plasencia questiona quanto mais Perry estaria disposto a pagar pela droga, ao que Chávez responde: “Vamos descobrir”.
Cada frasco de cetamina, que custava cerca de 12 dólares (11 euros), era vendido por mais de 2 700 dólares (2 500 euros). Calcula-se que Plasencia tenha cobrado cerca de 55 mil dólares (50 900 euros) por vinte doses.
Foi ainda confirmado que o assistente pessoal de Perry, Kenneth Iwamasa – o primeiro a assumir culpa – foi instruído por Plasencia e Chávez sobre a administração da substância. Segundo as autoridades, Iwamasa aplicou a dose fatal e depois ausentou-se da residência.
Apesar da morte de Matthew Perry ter sido classificada como acidental, o processo está a focar-se na responsabilização criminal dos envolvidos na distribuição ilegal da droga.
Este caso pode servir como alerta para a comunidade médica e para as entidades reguladoras, sublinhando a necessidade de maior controlo e de regras claras na utilização da cetamina, especialmente nos tratamentos realizados fora do ambiente hospitalar.