Sofia Aparício fala pela primeira vez do impacto psicológico da detenção em Israel

Atriz detalhou no podcast "A Esperança Atrás do Muro" as consequências físicas e emocionais da detenção em Israel
Foto: Instagram de Sofia Aparício
Atriz revela que as primeiras semanas após regressar da prisão em Israel foram marcadas por perda de peso, exaustão e pesadelos. Já mais calma, Sofia Aparício sublinha que quer voltar ao trabalho, mas sem pressas.
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As semanas que se seguiram ao regresso de Sofia Aparício a Portugal ficaram longe de ser tranquilas. A atriz, de 55 anos, recordou a missão humanitária em Gaza e a detenção pelas forças israelitas no podcast "A Esperança Atrás do Muro", admitindo que o corpo e a cabeça demoraram a recuperar do mês passado em alto mar e dos cinco dias numa prisão militar.
"Perdi muito peso, estava desidratada. Acho que nas duas primeiras semanas - sobretudo na primeira - foi só para recuperar fisicamente", afirmou, descrevendo um período de grande vulnerabilidade emocional.
"Agora já estou melhor, mas há dias em que sinto a ressaca de tudo o que aconteceu. Outros em que ando ocupada na minha vida e parece que as coisas estão mais leves", partilhou.
Noites interrompidas e memórias difíceis
Entre os efeitos mais marcantes dos dias de detenção, Sofia Aparício revelou ter vivido vários "pesadelos com guardas", sempre acompanhados de sobressaltos: "Eu não via os guardas... via um flash de luz e acordava muito aflita, com a sensação de que estavam a entrar na cela. Isso aconteceu várias vezes durante a nossa prisão, muitas vezes durante a noite. Era privação de sono, para nos cansar."
A atriz descreveu ainda momentos de grande tensão. "Não é agradável acordar com uma espingarda gigante apontada à cabeça, com guardas a entrarem pela cela, com cães", recordou.
Mais adiante, admitiu que a participação na Flotilha Humanitária para Gaza foi acompanhada do receio de perder trabalho, receio que, diz, não se confirmou, mas que enfrentaria com pragmatismo. "É claro que preciso de trabalhar, mas se não fizer uma coisa, faço outra. Já trabalhei em restauração, já servi às mesas... Não adoro, pelo contrário, não gosto mesmo nada. Mas se tiver de ser, que seja, porque tudo o que me possa acontecer não é nada, comparado com o que se passa em Gaza", confessou.
Apesar do impacto físico e emocional, Sofia Aparício garantiu que pretende regressar ao trabalho, ainda que sem pressas. "Acho que estou diferente. As coisas mudam-nos", concluiu.

