<p>Mais de 2.000 agricultores manifestaram-se esta sexta-feira ruidosamente em Santarém contra a política do Governo para o sector, numa contestação que prometem prosseguir até às eleições legislativas.</p>
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Envergando t-shirts com uma caricatura do ministro da Agricultura, Jaime Silva, exibindo um nariz de Pinóquio e a frase "quatro anos contra os agricultores", os manifestantes encheram o grande auditório do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, onde decorre até domingo a Feira Nacional da Agricultura.
Exibindo bandeirinhas da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP), que organizou o protesto, o segundo de uma série deles programados até às eleições legislativas, os agricultores reagiram com apupos sempre que surgiram referências a Jaime Silva e com aplausos aos apelos de "mandar o ministro para a rua em Outubro".
O dirigente da Associação de Agricultores de Trás-os-Montes, Fernando Martins, lançou uma nova palavra de ordem na manifestação de hoje - "Jaime Silva é uma praga, promete e não paga" -, enquanto o líder da congénere do Mondego, Carlos Laranjeira, sublinhou que os espanhóis "conhecem" o ministro português como o "equívoco", porque "é um engano permanente".
Num comício em que falaram representantes de associações de agricultores de vários pontos do país, Carlos Laranjeira acusou o Governo de estar a destruir a produção nacional.
"Temos um inimigo que se chama 'Equívoco', um inimigo que é presidente da 'comissão liquidatária', temos um inimigo que se chama José Sócrates, que é primeiro-ministro e, com a cobertura destes dois, temos, a compor o ramalhete, o grande capital, as grandes superfícies a destruírem o tecido produtivo nacional, preferindo o produto estrangeiro e fazendo dumping, o que é punível por lei", disse.
Já José Oliveira, presidente da Associação de Agricultores de Entre Douro e Minho, deixou um apelo a José Sócrates para que "mostre que é sensível às dificuldades dos agricultores", em particular às dos produtores de leite, e que ajude a encontrar "rapidamente" uma solução para a situação que estes vivem.
Um das medidas que considerou essenciais para ajudar pessoas que estão a ver os seus bens penhorados é a criação de uma linha de crédito com juro bonificado a 12 anos com dois de carência para que os produtores de leite "possam ir junto da banca negociar as suas dívidas e verem as penhoras sobre os seus bens levantadas".
"À entrada do auditório foi colocada uma faixa gigante com a frase "O Mundo Rural também é Portugal", enquanto os dirigentes da CAP que subiram ao palco do CNEMA exibiam panos com a inscrição "quatro anos a governar e só nos conseguiram enterrar" e "quatro anos a governar contra os agricultores".
Com a próxima manifestação marcada para 2 de Julho, em Mirandela, os agricultores prometeram em Santarém que "Julho vai ser um mês muito quente".