"Não é só com esta medida, com esta prometida ajuda, que se vai resolver o problema do sector", diz a Confederação dos Agricultores de Portugal.
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O presidente da Confederação Agricultores de Portugal (CAP), José Oliveira, considerou hoje insuficiente a intenção da Comissão Europeia de atribuir 280 milhões de euros aos produtores de leite, salientando que esta é mais uma "medida avulsa".
A comissária europeia para a Agricultura, Mariann Fischer Boel, anunciou, à entrada da reunião com os ministros da Agricultura no Luxemburgo, que vai desbloquear uma ajuda de 280 milhões de euros a favor do sector do leite, que está em crise.
Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da CAP disse que "esta é mais uma medida avulsa" e que não "resolve o problema do sector do leite ao nível da União Europeia atendendo à grave crise que este vive", reforça.
"Não é só com esta medida, com esta prometida ajuda, que se vai resolver o problema do sector. Há outras medidas mais importantes, como por exemplo a manutenção do sistema de quotas, o qual a comissária [europeia da Agricultura] sistematicamente continua a defender a abolição a partir de 2015 e isso é que vai destruir completamente o sector do leite em muitos países da UE", salientou José Oliveira.
No entender do vice-presidente da CAP, é também importante saber como é que a ajuda vai ser distribuída para que "não seja canalizada apenas para indústria e pouco chegue aos bolsos dos produtores".
José Oliveira diz que o ministro da Agricultura, Jaime Silva, que está em final do mandato "já não tem força política suficiente para fazer seja o que for".
"Importa que o novo ministro perceba que uma das medidas fundamentais para salvar o sector nacional é a linha de endividamento médio e longo prazo, de modo a permitir que a maioria das pessoas que estão em pré-falência possam renegociar as dívidas com a banca, que paguem e libertem as penhoras que a maioria dos leiteiros tem sobre as suas explorações", frisou.
De acordo com o vice-presidente da CAP, a maioria dos produtores não consegue manter os custos de produção.
"Não podemos deixar que o sector morra pois é um sector fundamental para a alimentação e que corre o risco de ser destruído. Neste momento o sector está em agonia", concluiu.
Desde há alguns meses que os produtores europeus de leite dão conta do seu desespero com a quebra de preços na produção que, segundo eles, por vezes é de mais do que 50 por cento em relação aos preços de 2007-2008.
A reunião dos 27 hoje no Luxemburgo está a ser marcada por uma grande manifestação dos produtores de leite europeus que atrasaram a entrada dos ministros para um edifício que está rodeado por medidas de segurança excepcionais.