Estalou o verniz entre os dois partidos que apoiam a candidatura de Manuel Alegre às próximas eleições presidenciais. Ontem, quarta-feira, no Parlamento, o líder parlamentar do BE, José Manuel Pureza acusou o deputado Sérgio Sousa Pinto de usar um discurso que "é uma crítica ríspida ao candidato presidencial que o PS apoia".
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O bloquista falava de Alegre e das críticas que o candidato apoiado por PS e BE fez ao "visto prévio" da Comissão Europeia aos orçamentos nacionais.
Numa declaração política, no início do primeiro debate da segunda sessão legislativa, Pureza contestou o "consenso do Bloco Central sobre a asfixia democrática em que quem é eleito não tem poderes e quem tem poderes não é eleito". Classificou os socialistas e a Direita de serem "os arautos da Europa opaca, governada por tecnocratas sem alma, com um défice democrático cada vez mais flagrante".
Saindo em defesa do actual modelo europeu, Sérgio Sousa Pinto reagiu de forma inflamada e acusou o BE de defender ideias "anacrónicas", nas quais "não há Esquerda nem futuro".
No plenário de ontem, a Oposição escolheu mais dois temas para marcar a reabertura dos trabalhos parlamentares. À Direita, os democrata-cristãos escolheram as habituais questões de segurança interna, tendo como pretexto a greve anunciada na PSP. Nuno Magalhães, que garantiu "nunca o CDS-PP defender a possibilidade de haver greves nas forças de segurança", manifestou compreensão pelos motivos subjacentes à forma de luta anunciada. E teve por aliados todos os outros partidos da Oposição.
A abertura do ano lectivo levou Rita Rato, do PCP, a condenar a política de Educação que está a ser seguida pelo Governo. Apoiada nas críticas por todas as bancadas da Oposição, a deputada comunista considerou que o Executivo se "comportou como um 'buldozer', ao fechar mais de 700 escolas". Sem deixar de fazer uma alusão crítica à "estranheza" que causou a mensagem vídeo da ministra Isabel Alçada, divulgada ontem pelo Ministério da Educação.
PS e PSD rejeitaram ontem a criação de uma rede de cuidados paliativos autónoma da rede de cuidados continuados, proposta defendida por CDS-PP e BE, apesar de socialistas e sociais-democratas reconhecerem que as actuais respostas são insuficientes.
Embora admita que é preciso "melhorar e persistir nas respostas de cuidados paliativos", a deputada do PS Sónia Fertuzinhos defendeu que a solução passa por "melhorar dentro do que já existe". Maria José Nogueira Pinto, do PSD, propôs que os diplomas baixassem à comissão sem votação, mas não obteve resposta.