O sociólogo Boaventura Sousa Santos defendeu, este sábado, que a democracia portuguesa "nasceu com o Estado Social e morrerá" sem ele, considerando que o atual "momento de luta" é "semelhante à luta anti-fascista".
Corpo do artigo
"Hoje o debate é se há ou não há Estado social. Eles não estão a refundar, estão a destruir", disse Boaventura Sousa Santos, frisando que "a democracia portuguesa nasceu com o Estado social".
"No momento em que o Estado social cair, cai a democracia portuguesa", alertou o sociólogo, que intervinha na sessão plenária da conferência "Vencer a crise com o Estado social e com a Democracia", promovida pelo Congresso Democrático das Alternativas, no Fórum Lisboa.
O "momento de luta é muito semelhante à luta-antifascista", de defesa da democracia "no mais puro sentido", declarou, suscitando fortes aplausos dos participantes.
Contra os cortes sociais, nos salários e nas pensões, o sociólogo considerou que o Governo PSD/CDS-PP entrou numa fase de "brutalismo político" em que "já perdeu o verniz" e "já não disfarça, diz o que quer e de uma maneira brutal".
Boaventura Sousa Santos lançou fortes críticas aos "partidos da governação" que "só pensam em alternância, sem pensar na alternativa", e defendeu a criação de uma "esfera pública constituinte", que funcione como um "controlo social sobre os partidos".