A cimeira da NATO apenas se fez notar nas principais avenidas da Baixa lisboeta pela massiva presença de polícias, a redução notória de transeuntes, a intensa presença da Imprensa e a habitual movimentação de turistas - espantados, aliás, com a facilidade de circulação.
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Se na Avenida da Liberdade, Restauradores e Rossio a presença policial era ostensiva e numerosa, com membros do corpo de intervenção colocados a curta distância entre si, no Chiado a discrição era a palavra de ordem.
Pelo alarmismo dos últimos dias ou pela tolerância de ponto concedida, o movimento no comércio foi diminuto, mas muitos lojistas atribuem ao facto a normalidade habitual de Novembro.
"Este final de semana está a ser péssimo. Tem a ver com a cimeira, mas também com a crise. Vê-se muito menos gente", explicou Ana Carla Veloso, funcionária de uma sapataria na Rua Augusta.
Certo é que hoje, na Avenida da Liberdade, local para onde está marcada a manifestação "Paz Sim, NATO Não!", com expectativas de reunir cerca de dez mil participantes, as lojas de grandes marcas, como Louis Vuitton ou Adolfo Dominguez, vão abrir portas, confiantes no bom policiamento da zona. Aliás, as autoridades contactaram o comércio local para articular a segurança nestes dias, pelo que não há lugar a receios.
O único momento em que, ontem, se sentiu alguma agitação aconteceu ao início da noite. Um grupo de cerca de 30 manifestantes, entre os quais José Soeiro, deputado do Bloco de Esquerda, concentrou-se no Largo Camões, em protesto contra o impedimento de entrada de pacifistas em Portugal.
"Solidários com activistas bloqueados nas fronteiras", "proibida a liberdade de expressão" eram frases que se liam em cartazes, sob a banda sonora de ruidosos tambores e à vista do grande efectivo policial, que, porém, se manteve à distância e não foi obrigado a intervir.