O presidente da República, Cavaco Silva, informou esta segunda-feira que já completou os contactos com todos os líderes da oposição sobre a crise económica e financeira portuguesa e sublinhou "a necessidade urgente" de o país recorrer à ajuda externa.
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"O presidente da República completou hoje os contactos com os líderes dos partidos da oposição tendo em vista, no quadro da grave crise económica e financeira em que Portugal se encontra, sublinhar a necessidade urgente do recurso à assistência externa de modo a assegurar o financiamento do Estado e da economia", lê-se numa nota informativa publicada no site da Presidência da República.
O primeiro-ministro, José Sócrates, tinha pedido ao presidente da República que realizasse diligências junto dos partidos políticos, um apelo feito na passada quarta-feira, dia em que anunciou que Portugal iria pedir ajuda externa.
"Informei desta decisão o senhor presidente da República a quem solicitei que realizasse as diligências que entendesse necessárias juntos dos restantes partidos políticos", disse então o chefe de Governo.
Domingo, no encerramento do Congresso do PS, Sócrates voltou a garantir que as negociações do pedido de ajuda externa serão acompanhadas pela oposição e pelo presidente da República.
"Asseguraremos o acompanhamento deste processo por parte de todos os órgãos de soberania e por parte dos partidos políticos", declarou José Sócrates na sua intervenção de encerramento do XVII Congresso Nacional do PS, em Matosinhos.
As negociações sobre o programa de ajuda externa a Portugal têm início terça-feira com uma avaliação técnica que apurará as necessidades do país e precisará o montante global da assistência, que Bruxelas estimou em cerca de 80 mil milhões de euros.
Amadeu Altafaj Tardio, o porta-voz do comissário dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, confirmou domingo, numa conferência de Imprensa em Bruxelas, que a missão que tem início terça-feira em Lisboa será de cariz técnico ao longo da presente semana, devendo as discussões políticas ter início apenas na próxima segunda-feira, 18 de Abril.
O porta-voz do comissário Rehn reafirmou domingo que as negociações políticas terão como interlocutor, do lado de Portugal, o Governo, embora com o "envolvimento" dos restantes partidos políticos, de forma a alcançar o "consenso" necessário a um acordo, tendo em conta a realização de eleições legislativas antecipadas a 5 de Junho próximo.
O objectivo é que esse consenso seja materializado com a apresentação de um programa de ajustamento por parte das autoridades portuguesas até meados do próximo mês, de forma a ser adoptado na reunião de ministros das Finanças europeus de 16 e 17 de Maio, para que a ajuda possa começar a chegar a Portugal no final desse mesmo mês, com o programa a ser implementado pelo Governo que sair das eleições de 5 de Junho.