"A Justiça enfrenta no nosso tempo desafios muito particulares. Não pode, contudo, alhear-se da realidade à sua volta, das necessidades concretas dos cidadãos, da celeridade exigida pelos agentes económicos". A frase do discurso de Cavaco Silva, na Corte Suprema de Justiça da Colômbia - o correspondente ao Supremo Tribunal de Justiça português, mas que tem também poderes constitucionais -, não pode deixar de ser ouvida em função das últimas decisões do Tribunal Constitucional em Portugal.
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É verdade que o discurso do presidente repete algumas das ideias que, nos últimos anos, tem enunciado na abertura do Ano Judicial. Surge, contudo, num momento em que Cavaco já deixou subentender, no voo para Bogotá, que entende as críticas do governo à decisão do TC, lembrando que também ele as fez em 89 quando viu chumbada a sua lei laboral.
Cavaco Silva abriu, esta quarta-feira, o segundo dia de trabalhos da visita de estado à Colômbia com esta visita à casa da Justiça do país. O presidente afirmou, ainda, que "a Justiça não pode alhear-se da sua dimensão social" e que a ele "compete evitar que os "tempos de crise" se convertam em "tempos de cólera"", citando o escritor colombiano e Nobel da literatura Garcia Marques.
* Enviada JN/DN a Bogotá