O presidente da República considera que um "consenso político" é "decisivo para que Portugal ultrapasse as dificuldades e combata o drama do desemprego", pelo que, o encontro desta quarta-feira, entre o primeiro-ministro e o líder do PS, merece a sua "congratulação". E Cavaco Silva mandou, também, desde a Colômbia, um recado à troika.
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Regra número um de Cavaco Silva: nunca falar de política interna nas suas viagens internacionais. Razões para quebrar essa regra: o encontro desta quarta-feira entre Passos Coelho e António José Seguro, a troika em Portugal e um Conselho de Ministros de onde podem sair já algumas das medidas do Governo para fazer face ao chumbo do Tribunal Constitucional a quatro das normas do Orçamento do Estado. Por isso, o Presidente decidiu, na terça-feira, em Bogotá, Colômbia, comentar o convite do primeiro ministro ao líder da oposição, de que Cavaco "naturalmente já sabia" e que aplaudiu: "Só pode merecer da minha parte congratulação".
Cavaco falou no final da receção oferecida à comunidade portuguesa em Bogotá, na residência do embaixador português na capital colombiana, João Ribeiro de Almeida. E fê-lo por vontade própria, com uma intenção clara de que a sua mensagem chegasse a Lisboa esta manhã (em Bogotá são menos seis horas) num dia de reuniões importantes. "Não tenho o hábito, quando estou no estrangeiro, de falar na nossa vida política, mas tenho vindo a defender de forma intensa e forte um consenso político entre as forças que estão de alguma forma ligadas ao acordo de assistência financeira porque o considero decisivo, repito, decisivo para que Portugal ultrapasse as dificuldades e combata o drama do desemprego".
Antes, na declaração formal aos cerca de 300 convidados, Cavaco já tinha decidido enviar para Portugal outro recado importante, este destinado à troika e à UE. "Tem havido uma situação muito errada em relação ao caminho que a Europa tem seguido, mas tenho esperança que os líderes europeus estejam a tomar consciência de que é preciso tomar muito mais atenção do que até agora ao crescimento económico e ao desemprego", disse o Presidente da República, com um "aviso final": "Portugal está a fazer a sua parte, agora a Europa que faça a sua".
Hoje, no penúltimo dia de Cavaco Silva em Bogotá (a partida para o Peru é quinta-feira de manhã) é dedicado ao seminário económico, no qual serão fechadas várias parcerias, e à inauguração da Feira do Livro, de que Portugal é o país convidado, com a presença do escritor Vasco Graça Moura e do arquiteto Souto Moura.
Na homenagem à comunidade emigrante, Cavaco condecorou com a Ordem do Infante D. Henrique o luso-colombiano Jerónimo Pizarro, tradutor de várias obras literárias portuguesas na Colômbia, e o comissário da Feira.
* Jornalista do DN