O Presidente da República prometeu hoje ao novo Governo a sua "cooperação activa", mas alertou que apesar da maioria que o sustenta, a "gravidade da situação" e a "dimensão dos sacrifícios" impõe a procura de consensos partidários.
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"Ao apoio parlamentar maioritário, de que este Governo dispõe, acresce a cooperação activa do Presidente da República. Tal como sucedeu com os anteriores executivos, a quem nunca faltei com a minha palavra e com a minha lealdade, pode o novo Governo contar com a cooperação do Presidente da República ao serviço do superior interesse nacional", assegurou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, no discurso de tomada de posse no novo executivo.
Contudo, ressalvou Cavaco Silva, o facto do novo executivo dispor de maioria parlamentar não deve afastá-lo da busca de "compromissos alargados a outras forças políticas", numa altura em que vão ser pedidos "possivelmente os maiores sacrifícios desde que foi instaurada a democracia".
"O novo Executivo tem de saber dialogar e obter consensos partidários que vão para além da maioria que o sustenta", defendeu.
Por outro lado, continuou, da parte da oposição espera-se "uma atitude construtiva e responsável" para colocar nesta "hora decisiva" o interesse nacional acima dos interesses partidários.
Numa intervenção de sete páginas, o Presidente da República preconizou ainda que, à procura de consensos com os restantes partidos, o novo executivo deve associar uma atitude de "diálogo e a concertação" agentes económicos e sociais.
"A actual crise não reclama apenas sentido de responsabilidade da classe política. Também a responsabilidade de empregadores e trabalhadores irá ser posta à prova perante os Portugueses, na certeza de que a situação actual não se compadece com divisões e conflitos", alertou.
Logo na primeira parte da sua intervenção, e depois de ter recordado o facto de nunca ter faltado com a sua palavra e lealdade a anteriores executivos, Cavaco Silva deixou ainda uma palavra de reconhecimento ao primeiro-ministro cessante, José Sócrates, e ao Governo que agora cessou funções.
"Ao primeiro-ministro cessante, que presidiu ao Governo de Portugal durante seis anos, bem como aos membros dos seus governos, expresso público reconhecimento pelos serviços prestados e desejo os maiores sucessos pessoais e profissionais", disse.