O Presidente da República, Cavaco Silva, defende que a Agricultura é o sector fundamental em que se deve investir para a futura sustentabilidade do país, e aposta nos jovens agricultores a quem defende que se dê mais apoios.
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Num artigo de opinião publicado no semanário Expresso, Cavaco Silva começa por lembrar que no domínio da agricultura é consensual a necessidade de haver um sistema de apoio público activo aos jovens agricultores, à sua instalação e à expansão do seu número e da sua actividade.
Mas lembra que apesar de ser tema recorrente dos partidos políticos e dos Governos, os resultados são completamente contrários aos objectivos: apenas 2% dos agricultores têm menos de 35 anos e 10% têm menos de 45 anos.
Em contrapartida, 48 por cento dos agricultores portugueses têm mais de 65 anos, o que faz de Portugal o país agricolamente mais envelhecido da Europa, onde a média de agricultores naquela faixa etária ronda os 27 por cento.
Cavaco Silva salienta ainda que estes valores se têm vindo a agravar de ano para ano e que entre 1999 e 2009 (os dois últimos recenseamentos) a redução dos jovens até 35 anos foi de 60% e entre os 35 e os 45 anos foi de 51%.
Perante estes factos, Cavaco Silva conclui no seu artigo que algo estará a "impedir o sucesso das políticas públicas nesta matéria" e avança possibilidades várias, como o carácter depressivo que há anos acompanha o sector agrícola português, as dificuldades naturais da profissão, o apego à terra dos mais idosos, a má imagem pública desta profissão e o afastamento dos rendimentos agrícolas.
Decorrentes destas, haverá outras dificuldades, como o difícil acesso dos jovens à terra, o risco da profissão, a burocracia, as dificuldades de financiamento e a falta de apoio técnico.
No entanto, "nunca como hoje foi tão necessário interessar os jovens portugueses nas actividades do sector agrário", pois "só eles poderão alavancar e apressar o salto qualitativo de que a nossa agricultura necessita para poder contribuir de forma muito significativa para atenuar a crise em que vivemos", afirma no seu artigo.
Destas dificuldades e desta necessidade para o país decorrem algumas certezas para cavaco Silva, entre as quais a de que é "absolutamente vital" para Portugal a abertura de um espaço de diálogo construtivo e permanente entre os jovens agricultores e o Governo.
Apontadas também como certezas, mas em jeito de apelo, Cavaco Silva diz que os jovens agricultores vão ocupar a linha da frente de "um vasto e patriótico" movimento nacional que coloque a agricultura como sector fundamental para a sustentabilidade do país e que Portugal só terá a ganhar se proporcionar a estes jovens os meios e as condições necessárias para que se mobilizem.