Por ser "a atitude que melhor serve o interesse nacional", o CDS-PP vai abster-se na votação do orçamento rectificativo proposto pelo Governo que vai a votos sexta-feira no Parlamento. O PSD deverá fazer o mesmo.
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Ontem, o líder do CDS-PP, Paulo Portas, fez saber que o CDS-PP vai optar pela abstenção na votação de sexta-feira. Foi o primeiro partido a assumir a sua posição, o que põe pressão sobre os restantes partidos. Mas a abstenção vem acompanhada de um rol de críticas: Portas acusa o Governo de ter "ludibriado" o défice, insistindo nos 5,9%, e de só agora reconhecer que o défice é afinal de 8,4%.
Portas invoca quatro razões para viabilizar esta alteração orçamental. A primeira é o facto de o rectificativo ser "uma sonora reprovação do próprio Governo" por ter insistido na "propaganda oficial" e agora ter de admitir que o défice é de 8,4%. O orçamento rectificativo "é a prova fotográfica desse ludíbrio", disse o líder do CDS-PP, à partida para Bona, onde vai participar no Congresso do Partido Popular Europeu.
Portas invocou também uma "razão pragmática" para viabilizar o orçamento: "a despesa já está comprometida, o que falta, em muitos casos, é pagar os compromissos", disse, explicando que a abstenção do CDS-PP pretende que o Estado "pague o que tem de pagar e não atrase mais as suas dívidas". "Seria um erro dar a este Governo, que não sabe fazer contas, o argumento de que não pode pagar salários ou pensões por causa da Oposição", disse.
Portas não poupa nas críticas ao Executivo: "É preciso recuar 10 anos para descobrir um Governo que precisasse de fazer dois rectificativos no mesmo ano", disse, ironizando com o facto de Teixeira dos Santos apelidar o orçamento de "redistributivo": "O Governo troca garantias e avales, despesa que em princípio não se realiza, por despesa que efectivamente já está comprometida. Não é intelectualmente sério".
Anteontem, o vice-presidente da bancada do PS, Afonso Candal, tinha considerado que seria "uma irresponsabilidade absoluta" que qualquer partido da Oposição votasse contra o orçamento rectificativo. Aguiar Branco, líder da bancada do PSD, já disse que o PSD será "responsável" na votação do orçamento. Em causa, está a autorização de financiamento que permita tapar a quebra de 4,5 mil milhões de euros de receita durante este ano.