CDS-PP respeita ausências no 25 de abril e defende que "desvario" do PS "afetou muito" democracia e soberania
O líder parlamentar do CDS-PP respeita as ausências da Associação 25 de Abril e de Mário Soares das cerimónias oficiais da Revolução dos Cravos, mas defendeu que o "desvario" do Governo socialista "afetou muito" a democracia e soberania.
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"É uma decisão de uma associação e de alguém que desempenhou o mais alto cargo político em Portugal, o doutor Mário Soares, que é tomada em liberdade. Sendo tomada em liberdade, deve ser respeitada e é isso que eu faço, respeito", afirmou Nuno Magalhães aos jornalistas, questionado antes de se se saber que também o histórico socialista Manuel Alegre irá estar ausente da sessão solene no Parlamento.
Durante as jornadas parlamentares do CDS-PP, que decorrem hoje e terça-feira nos Açores, o líder da bancada democrata-cristã referiu, contudo, que "é justamente em nome da liberdade, neste caso da liberdade política, da liberdade financeira", que o Governo "está obrigado a cumprir um programa de assistência financeira muitíssimo difícil, com medidas muitíssimo exigentes, com grandes sacrifícios" provocado por "sete anos de desvario público do Partido Socialista".
"É uma opinião, como tantas outras, mas, de facto, a democracia plena e a soberania plena ficou muito afetada, para não dizer parte dela perdida, quando fomos obrigados a pedir dinheiro a instituições internacionais para pagar salários de polícias, de enfermeiros, de médicos, de professores", argumentou.
A Associação 25 de Abril anunciou hoje que não participará este ano, pela primeira vez, nas celebrações oficiais da Revolução dos Cravos por considerar que "a linha política seguida pelo atual poder político deixou de refletir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril".
Em solidariedade, o antigo Presidente da República e antigo primeiro-ministro Mário Soares também não comparecerá na Assembleia da República, avançou a edição online do jornal Público.
Também o ex-candidato presidencial Manuel Alegre disse à Agência Lusa que, em solidariedade com a decisão da Associação 25 de Abril, também estará ausente da sessão solene comemorativa da revolução no Parlamento.
"Não vou. A celebração sem aqueles que fizeram o 25 de Abril, para mim, não tem o mesmo significado. Quando se fez o 25 de Abril em 1974, eu estava no exílio. Se hoje se vive em liberdade em Portugal, a eles [militares de Abril] o devemos", justificou o ex-candidato presidencial.
No manifesto "Abril não desarma", divulgado hoje pelo presidente da associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço, apela-se "ao povo português e a todas as suas expressões organizadas para que se mobilizem e ajam, em unidade patriótica, para salvar Portugal, a liberdade, a democracia".
Os militares ressalvam que esta "atitude não visa as instituições de soberania democráticas, não pretendendo confundi-las com os que são seus titulares e exercem o poder", até porque consideram que "os problemas da democracia se resolvem com mais democracia".
No final da leitura do manifesto, em resposta a questões dos jornalistas, Vasco Lourenço disse que a associação não quer com estas palavras apelar a uma intervenção militar: "De maneira nenhuma, confiamos em que [a instituição militar] saiba comportar-se e não intervenha fora da democracia. Longe de nós qualquer apelo à intervenção militar, antes pelo contrário", afirmou.