Ocupar um lugar "no meio da esquerda" e ser uma retaguarda dos eleitores que sentem não ter representação será um dos propósitos do novo "espaço de liberdade" que está, este sábado, a ser discutido por iniciativa do eurodeputado Rui Tavares.
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"O lugar que nós achamos que é o mais dinâmico da esquerda é precisamente o que se encontra ao meio da esquerda e é também o que tem tido o maior défice de representação", afirmou Rui Tavares, em declarações aos jornalistas no início da reunião preparatória sobre a eventual criação de um novo partido de esquerda.
No encontro, que contou com a participação de cerca de centena e meia de pessoas, entre as quais José Sá Fernandes, Joana Amaral Dias e a deputada socialista Inês Medeiros, irá conforme adiantou Rui Tavares debater-se a eventual criação de um partido, que poderá vir a chamar-se "Livre - Liberdade, Esquerda, Europa e Ecologia".
Um partido que, segundo o eurodeputado, poderá vir a situar-se "no meio da esquerda", ou seja, "é o lugar onde está muita gente que está descontente, que está impaciente, muitos independentes que têm muitíssimo valor" e que estão cansados das máquinas partidárias.
"É uma retaguarda de eleitores de esquerda, de eleitores que saem à rua tantas vezes, uma retaguarda de pessoas que já votaram 'PC', que já votaram no BE, que já votaram no PS", mas que neste momento sentem que não têm representação.
"Não tendo em quem votar eu recuso-me a fugir para a abstenção, recuso-me a fugir para o voto em branco", sublinhou Rui Tavares, confessando não existir neste momento um partido em que se sinta confortável.
"Não vou ficar parado sem representação, em democracia tem de haver sempre soluções de representação, se houvesse neste momento algum partido em que me sentisse confortável, que me representasse, eu neste momento entrava no partido", acrescentou, frisando que "aqueles que não se sentem representados devem fazer por se representar" e usar os seus direitos constitucionais.
No encontro desta tarde será discutida a declaração de princípios, onde se defende "a procura e a realização de convergências abertas, claras e transparentes, para criar uma maioria progressista capaz de criar uma alternativa política em Portugal e na Europa".
Entre os princípios defendidos na declaração está o socialismo, embora se recuse o "estatismo".
"Socialismo no sentido de recusa da mercantilização das pessoas, do trabalho e da natureza. Embora a ação governativa ou estatal seja crucial na criação de uma economia mista, em geral com três setores (público, associativismo/cooperativo e privado, o nosso socialismo não é um estatismo", lê-se na declaração de princípios.
Na declaração é ainda referido que o lugar do eventual novo partido "é no meio da esquerda".