Os deputados da oposição classificaram hoje, sexta-feira, de "vergonhosa" e "publicidade enganosa" a ausência de concretização do "cheque-bebé", lamentando que as mães que têm procurado receber este apoio ainda não o tenham conseguido.
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"Acho vergonhoso", disse à Lusa a deputada Clara Carneiro (PSD), que desconhecia que tal medida ainda não estava em vigor.
"É uma vergonha para quem governa, sobretudo tendo em conta o mediatismo com que a medida foi anunciada", afirmou.
Clara Carneiro mostrou-se mesmo "chocada" ao saber que várias mães têm tentado receber este apoio e chegam mesmo a contactar instituições - como Segurança Social, Finanças, maternidades, centros de saúde ou bancos - para saber como podem receber o apoio.
O "cheque-bebé" deveria atribuir 200 euros a cada criança que nasça, numa conta a criar no Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP) ou numa instituição bancária escolhida pelos pais, que poderiam ser levantados pela criança, quando esta atingisse os 18 anos.
"No mínimo é vergonhoso. É de pintar a cara de preto", disse.
Para a deputada do CDS-PP Teresa Caeiro, a falta de concretização da Conta Poupança-Futuro é mais um exemplo da "publicidade enganosa" deste Governo.
"É mais um dos muitos exemplos de publicidade enganosa a que este governo já nos habitou", disse a deputada à Agência Lusa.
Teresa Caeiro adiantou que, quando o apoio foi anunciado, o CDS-PP considerou a medida "panfletária e eleitoralista".
Considerando que "a dívida que o Governo acumulou atribui a cada criança que nasce uma dívida de 13 mil euros, 200 euros não são nada", disse.
"As famílias certamente que preferiam não herdar uma dívida tão grande", adiantou.
No entanto, a deputada sublinha que a Conta Poupança-Futuro "pode não motivar, mas ajuda".
"As pessoas têm de se poder reger por dados adquiridos, por certezas, por boa fé da parte daqueles que nos governam" e, por isso, é "inqualificável é inadmissível que tenha havido um anúncio e a medida não tenha sido posta em prática".
Da parte do Bloco de Esquerda, o deputado João Semedo defende que as futuras mães que tentam receber o "cheque-bebé" e ainda não o tenham conseguido se queixem junto das instâncias, pois foram "ludibriadas".
Para João Semedo, "é mais uma promessa do Governo que fica por cumprir".
O deputado duvida que, uma vez ainda não concretizada, a medida alguma vez venha a estar em vigor, pois "a orientação do Governo é para cortar neste tipo de apoios".
João Semedo aconselha os cidadãos que tentaram receber este apoio a queixar-se junto de instâncias, como o Provedor da Justiça, pois foram "ludibriados".
A Lusa contactou o PS e o PCP que remeteram para mais tarde uma posição sobre este assunto.