O Presidente da República defendeu, esta quarta-feira, perante deputados alemães que o "extraordinário esforço" de Portugal só terá "pleno sucesso" se a União Europeia promover "estabilidade financeira" e o "crescimento europeu".
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Cavaco Silva considerou que os líderes europeus não podem deixar a "mínima dúvida" que estão "preparados para fazer tudo o que for necessário para defender o euro", advertindo que "o tempo é escasso" e os "mercados não esperam".
"Nós sabemos muito bem que este extraordinário esforço que o país está a fazer só terá pleno sucesso se a União europeia, da sua parte promover a estabilidade financeira da zona do euro e promover o crescimento económico europeu", declarou.
O Presidente da República falava perante 41 deputados do grupo parlamentar da União Social Cristã (CSU) no Parlamento Federal Alemão (Bundestag), partido que integra a coligação governamental na Alemanha, entre os quais três ministros federais e o ex-ministro das Finanças do ex-chanceler Helmut Kohl Theo Waigel, que é atualmente presidente honorário da CSU.
"Os líderes europeus não podem deixar a mínima dúvida aos mercados de que estão preparados para fazer tudo o que for necessário para defender o euro, um pilar decisivo da União Europeia", considerou.
De acordo com o Chefe de Estado, "deram-se passos importantes no último conselho europeu, mas ainda há muito por fazer " e o tempo é "escasso".
"Como se costuma dizer, os mercados não esperam. Não basta fazer boas declarações, são precisas também ações concretas", declarou, saudando "a aprovação do pacto de crescimento e emprego e, em particular, o reforço dos meios à disposição do banco europeu de investimentos e também a reafectação de fundos comunitários".
O Presidente afirmou que "nas condições atuais" é "muito importante conhecer um rumo de médio e longo prazo para a construção europeia, mas são necessárias também ações no imediato, para ganhar a confiança e a estabilidade dos mercados e dos cidadãos europeus".
Cavaco Silva sublinhou que "Portugal está a cumprir rigorosamente os compromissos que assumiu no quadro do programa de assistência económica e financeira negociado com as instituições internacionais" e que "a tradição portuguesa sempre foi e continuará a ser de cumprir rigorosamente os compromissos internacionalmente assumidos".
"A execução do programa de assistência financeira, que tem merecido sempre avaliações positivas da parte da "troika', tem beneficiado de um amplo consenso político no país, de um consenso social entre o Governo, as organizações patronais e organizações sindicais e o povo português tem demonstrado um elevadíssimo sentido de responsabilidade", afirmou.
O Chefe de Estado salientou que "Portugal e Alemanha têm excelentes relações políticas" e que existe "uma cooperação de elevado nível" em várias áreas, sendo que as relações entre os dois países "estão marcadas por importantes momentos de solidariedade mútua".
"Portugal não esquece o apoio da Alemanha para a consolidação da nossa democracia, tal como não esquecemos o apoio da Alemanha no processo de integração de Portugal nas comunidades europeias, tal como Portugal esteve na primeira linha do apoio a esse momento inesquecível da história da Europa que foi a reunificação alemã", disse.
"Faço votos para que a cooperação entre Portugal e a Alemanha defenda firmemente o projeto europeu, que garantiu mais de 50 anos de paz e prosperidade na Europa e que estamos convencidos continua a ser a resposta certa para enfrentar os desafios do presente e aqueles que nos podem ser colocados no futuro", concluiu, antes de agradecer, em alemão, aos deputados.