"Esperança" em reforma do fundo de estabilização contribuiu para adiamento de pedido de ajuda
O cabeça de lista do PS por Lisboa, Ferro Rodrigues, afirmou, segunda-feira, que o Governo adiou o pedido de ajuda com a "esperança" de uma reforma no fundo de estabilização europeu, que, defendeu, deveria ser "preventivo" e não "punitivo".
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Ferro Rodrigues afirmou também que se o Fundo Monetário Internacional (FMI) considerava que Portugal devia ter pedido ajuda mais cedo, então, não deveria ter apoiado a elaboração da quarta versão do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).
"Se tivesse sido um mês antes [o pedido de ajuda], então não se percebe o que estiveram a fazer em Portugal, porque estiveram a trabalhar com o Governo português no PEC4", afirmou Ferro Rodrigues, num debate no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa.
O antigo líder socialista referia-se à afirmação do líder da equipa do FMI em Portugal, Poul Thomsen, segundo a qual se o pedido português de auxílio tivesse sido mais rápido teria evitado uma quebra tão profunda na economia portuguesa.
Ferro Rodrigues julgou "lamentável a incapacidade de transformação do fundo de estabilização europeu em fundo preventivo", considerando que "continua a ser um fundo punitivo e não um fundo de apoio".
A "esperança" nesta transformação é um dos motivos apontados por Ferro Rodrigues para a demora no pedido de ajuda externa por parte do Governo.
"Uma das razões que levou o Governo português a adiar o pedido foi a esperança que houvesse uma reforma profunda do fundo de estabilização europeu", disse.
O antigo embaixador de Portugal junto da OCDE manifestou-se "pouco optimista" em relação à União Europeia, sobretudo por "motivos políticos", apontando a lógica de "directório" formado pelos grandes países em que tem funcionado.
Ferro criticou ainda as posições destinadas a "consumo interno" de países como a Finlândia, o Reino Unido e a Alemanha, que, acusou, chegam a ser xenófobas.