<p>O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje, quarta-feira, que a "falta de cooperação entre oposição e Governo" e a "conflitualidade para lá do razoável" reflectem-se na avaliação dos mercados financeiros, pedindo maior serenidade na aprovação do Orçamento do Estado. </p>
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O ministro Luís Amado, que falava aos jornalistas à margem do segundo dia de discussão parlamentar na generalidade da proposta do OE para 2011, disse que "o ambiente de tensão política está presente nas avaliações que os mercados fazem da situação de risco da economia portuguesa".
O governante defendeu que "a estabilidade política é absolutamente indispensável para garantir os objectivos da execução orçamental, que permitam sossegar as expectativas dos mercados".
"A falta de cooperação entre a oposição - e sobretudo a oposição com responsabilidades de governo - e o Governo não deixa de ter influência na forma como os mercados avaliam a situação política portuguesa e há um prémio de risco que se prolonga há muito tempo", sustentou o ministro.
Para Luís Amado, o facto de Portugal ter um governo minoritário e de se "manter na vida política portuguesa uma tensão e uma conflitualidade às vezes para lá do razoável" influencia a "forma como os mercados financeiros avaliam a estabilidade governativa necessária para a execução dos objectivos orçamentais".
"Era bom que se procurasse serenar a acção política interna na actividade em torno da aprovação e depois da execução orçamental, como condição básica para gerir as expectativas dos mercados financeiros em relação ao valor da dívida portuguesa", defendeu Luís Amado.
O ministro apelou a "um ambiente de menor crispação, de menor tensão, de mais cooperação relativamente aos objectivos que são assumidos em conjunto", numa alusão ao acordo entre Governo e PSD para a viabilização do OE para 2011.
"Era bom que essa serenidade voltasse à situação política portuguesa, que os principais actores se compenetrassem das responsabilidades que hoje têm para gerir uma relação com os mercados extremamente exigente e complexa. Estamos numa fase nova da vida internacional, de profundas mudanças na relação que cada país tem de ter com os seus compromissos europeus e internacionais", sustentou.
Para Luís Amado, "em matéria orçamental, é absolutamente indispensável garantir esse ambiente, sob pena de os mercados nos penalizarem por expectativas negativas que têm em relação à capacidade de execução dos objectivos orçamentais", exigindo "rendas que terão de ser pagas inevitavelmente pelos portugueses, mais cedo ou mais tarde".