A Comissão Nacional de Eleições relativizou, esta quarta-feira, o impacto da falta de material propagandístico para as Europeias de domingo nos consulados, recordando que a abstenção já era elevada quando essa distribuição existia.
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Questionado pela Lusa sobre as declarações do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, que na terça-feira afirmou não terem sido recebidos nos consulados os materiais que normalmente são divulgados sobre as eleições, o porta-voz da CNE, João Almeida, confirmou a informação.
"A comissão adjudicou uma campanha de esclarecimento e de apelo à participação dos cidadãos que não incluiu - até pela exiguidade de recursos disponíveis - a produção de materiais em papel específicos para distribuir no estrangeiro", precisou o responsável.
Mesmo no território nacional, sublinhou, a distribuição de materiais em papel foi substancialmente reduzida.
No entanto, João Almeida ressalvou que foram produzidos 'spots' de televisão e rádio, que foram transmitidos pelos canais internacionais da radiodifusão e radiotelevisão portuguesa.
"Não é possível fazer mais porque os recursos não dão para nada mais", disse o representante da CNE.
Ainda assim, João Almeida lembrou que "quando a comissão tinha recursos e produzia materiais em quantidade suficiente, a participação não era substancialmente diferente".
"Normalmente, a participação eleitoral no estrangeiro cifra-se por uma enormíssima taxa de abstenção, quaisquer que sejam os materiais produzidos", reiterou o responsável, admitindo que "outros problemas" possam explicar a baixa participação eleitoral dos portugueses residentes no estrangeiro.
A abstenção nas comunidades portuguesas a residir no estrangeiro nas eleições de domingo para o Parlamento Europeu foi de 98,11 por cento, superior à de 2009 (97,8%), segundo dados provisórios da Direção-Geral da Administração Interna (DGAI).
Apenas 1,89% dos portugueses inscritos no estrangeiro (221.753) participaram nas eleições, de acordo com os resultados provisórios, quando falta ainda escrutinar a votação em 15 dos 71 consulados.
Na terça-feira, durante uma audição na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades, o secretário de Estado das Comunidades afirmou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros não recebeu das entidades competentes os materiais que normalmente são divulgados pelos consulados.
"É competência do ministério organizar [as votações] no estrangeiro e divulgar a informação nos consulados. A divulgação por outros meios cabe à Comissão Nacional de Eleições e à Direção-Geral da Administração Interna. O que acontecia era que esses organismos enviavam aos consulados um conjunto de materiais de divulgação, que desta vez não apareceram", afirmou o governante.
A Lusa tentou ouvir também a Direção-Geral da Administração Interna, o que não foi ainda possível.