O secretário-geral do PCP acusou, esta quarta-feira, o Governo de ter enganado deliberadamente os portugueses e exigiu a renegociação da dívida, desafio que foi rejeitado pelo primeiro-ministro, contrapondo que esse cenário seria de sofrimento e "fim da linha".
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No debate da moção de censura do PS ao Governo, Jerónimo de Sousa reiterou a ideia de que os comunistas votarão a favor da iniciativa dos socialistas, mas frisou que o PCP desde sempre advertiu para as consequências "de destruição do país" resultante do acordo de Portugal assinado com a 'troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia).
"Este Governo sabe o que faz e enganou os portugueses quando anunciou que 2013 seria o fim do caminho das pedras. Agora, o ministro das Finanças [Vítor Gaspar] até já diz que os sacrifícios são para uma geração. Esgotou-se a propaganda e esgotou-se o tempo deste Governo", sustentou o secretário-geral do PCP.
Como alternativa ao atual executivo, Jerónimo de Sousa defendeu a formação "de um Governo patriótico de esquerda", capaz de "resgatar o país da situação de dependência" e que proceda a uma "renegociação da dívida".
"Não é o memorando que deve ser renegociado. É a dívida que tem de ser renegociada", salientou Jerónimo de Sousa, numa linha de demarcação face ao PS.
Na resposta a Jerónimo de Sousa, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assumiu que o PCP até tem sido "coerente" em defesa de um modelo diferente.
"Está convencido que o caminho é o de reestruturar as nossas responsabilidades externas e que, no limite, até não se importaria que Portugal estivesse numa Europa diferente, em que as regras não fossem de disciplina orçamental e de responsabilidade orçamental. Mas não é isso que o país deseja", começou por apontar o líder do executivo.
Sobre uma eventual renegociação da dívida externa portuguesa, Pedro Passos Coelho considerou que uma solução dessa ordem "só é adotada quando um Governo não tem mais nenhuma outra para oferecer".
"É o fim de linha, quando nada mais resultou. Isso é o 'não pagamos' senhor deputado [Jerónimo de Sousa] e quando se chega aí a dor e o sofrimento dos países e das pessoas não tem limite", advertiu.