
João Semedo considera que "os portugueses não vão assistir resignados a perder aquilo que foi construído durante 40 anos"
Natacha Cardoso/Global Imagens
O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo acusou este sábado o Governo de "ludibriar a opinião pública" sobre o corte da despesa em quatro mil milhões de euros, que considerou ser uma declaração de guerra aos portugueses.
"O Governo insiste em esconder o que pretende fazer, em ludibriar a opinião pública, achando que assim consegue que os portugueses se resignem a ver o Governo destruir o Estado Social", afirmou o bloquista à margem do colóquio "Políticas dinamização das Micro, Pequenas e Médias Empresas", em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador do BE defendeu que o corte em quatro mil milhões de euros que o Governo pretende fazer nas funções sociais do Estado é "uma declaração de guerra aos portugueses e ao país", que, "terá certamente resposta".
"Não aceitamos seja qual for o número de ano em que pretende levar a cabo a reforma, porque o Estado social é fundamental e um fator de crescimento da economia", declarou, no dia em que o semanário Expresso dá conta de posições de ministros a pedirem mais tempo para o corte.
João Semedo considera que "os portugueses não vão assistir resignados a perder aquilo que foi construído durante 40 anos", defendendo que "darão, taco a taco, resposta às medidas de violência social que o Governo tem vindo a revelar de forma escondida".
Questionado sobre a convergência da Esquerda na oposição ao Governo, o dirigente bloquista considerou que "no caso do PS, é preciso que deixe de fugir da Esquerda e se dedique por inteiro e de forma determinada a uma política de oposição e isto significa renunciar às políticas inscritas no memorando [com a 'troika']".
"É necessário que [o PS] passe a uma oposição coerente e determinada, porque convergindo a Esquerda tem mais força para combater o Governo", disse.
João Semedo está convicto que "o corte de quatro mil milhões significa dezenas de milhares de trabalhadores da função pública despedidos, incluindo muito professores, mais dificuldades de funcionamento do Sistema Nacional de Saúde e da própria escola pública, uma mudança muito profunda na sociedade portuguesa".
O secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, reafirmou hoje que o Governo espera apresentar na sétima avaliação da 'troika', ainda em fevereiro, um programa de "poupanças" de quatro mil milhões de euros.
"Temos de conseguir preparar, para a sétima avaliação, um número de medidas e de opções que nos permitam poupar (...) e é nesse sentido que estamos a trabalhar, com todos os ministérios, com todos os senhores ministros, com todas as equipas e vamos continuar a trabalhar para conseguir chegar com empenho ao que todos sabemos que está no memorando de entendimento, que é uma poupança de quatro mil milhões de euros", disse.
Carlos Moedas respondia a perguntas dos jornalistas no final da reunião do Conselho de Ministros, que terminou ao fim de seis horas e meia e na qual foi discutida, "como em outros conselhos de ministros", a "reforma do Estado" e as medidas de "poupança estrutural na despesa" que serão apresentadas na sétima avaliação do programa de assistência financeira, no final do mês.
