José Sócrates recusa que legalização do casamento homossexual seja "problema menor"
O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje, sexta-feira, recusar que a "discriminação e a desigualdade" perante a lei sejam "problemas menores" e defendeu que enfrentá-los "em nada distrai" do resto.<br />
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"O país, como aliás todo o mundo, vive muitos e difíceis problemas que temos de enfrentar, problemas económicos, problemas sociais, problemas educativos e problemas orçamentais. Mas recuso considerar a discriminação e a desigualdade como problemas menores, que podem sempre ficar à espera e que nunca é oportuno resolver", afirmou.
O primeiro-ministro acrescentou que, enfrentar e resolver "este problema, em nada distrai de tudo o resto que é preciso fazer".
"Pelo contrário, resolvê-lo faz parte integrante da agenda que assumimos perante os portugueses", disse Sócrates, na apresentação do diploma do Governo para legalizar os casamentos entre homossexuais.
Considerando que "não é tempo para adiar", o primeiro-ministro disse respeitar a iniciativa para um referendo, que recolheu 90 mil assinaturas, mas defendeu que o mandato popular que o PS recebeu confere legitimidade ao Parlamento para decidir.
O líder do PS criticou ainda o projecto do PSD para criar, em alternativa ao casamento, a união civil registada, afirmando que "mantém a discriminação" e é "tanto mais ofensiva, quanto, sendo quase inútil nos seus efeitos práticos, é violenta na exclusão simbólica, porque atinge pessoas na sua dignidade, na sua identidade e na sua liberdade".
Para o primeiro-ministro, a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo "é mais uma etapa na longa história da luta das democracias contra a discriminação".
"Os nossos filhos olham-nos incrédulos e com espanto quando lhes contamos que convivemos até há bem pouco tempo -- até 1982 -- com a situação absurda e revoltante de considerarmos a homossexualidade um crime previsto e punido no Código Civil", salientou.