O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, negou hoje, segunda-feira, em Bruxelas, ter tido conhecimento da alegada disponibilidade do BCP para canalizar para Washington informações sobre o sistema financeiro do Irão.
Corpo do artigo
"Não tive conhecimento. Ouvi falar disso pela primeira vez ontem à noite", disse Luís Amado à entrada de uma reunião dos chefes da diplomacia da União Europeia.
O responsável português também recusou fazer qualquer "juízo" sobre a matéria. "Eu não tenho que me pronunciar sobre o que os chefes de missão acreditados em Lisboa decidem valorizar na relação que fazem com as instituições e os agentes privados", afirmou Luís Amado, insistindo que não tem de se pronunciar sobre essa matéria.
O jornal espanhol "El País" divulgou ontem, domingo, vários telegramas da diplomacia norte-americana disponibilizados no site Wikileaks sobre Portugal.
Num dos telegramas é mencionada a disponibilidade do presidente do BCP, Santos Ferreira, para canalizar para Washington informações sobre o sistema financeiro do Irão, a troco de poder fazer negócios com Teerão.
Em comunicado, o banco português negou as informações publicadas, garantindo que "a simples partilha de informação é, naturalmente, falsa e fantasiosa".
Os telegramas dos diplomatas dos EUA mencionam o alegado conhecimento que o primeiro-ministro português tinha da operação, o que José Sócrates também já negou em comunicado.
De acordo com o diário espanhol há ainda telegramas onde se afirma que Portugal permitiu aos Estados Unidos utilizar a base das Lajes, nos Açores, para repatriar detidos de Guantanamo.
Os mesmos documentos mencionam ainda opiniões da diplomacia americana sobre os chefes de Estado e de Governo portugueses, assim como sobre os líderes dos partidos da oposição.