O ex-ministro socialista Luís Amado considerou que o texto de Cavaco Silva sobre a crise política de 2011 "é totalmente inoportuno" e "relativamente injusto", sublinhando que neste momento o país precisa de um "grande esforço de coesão nacional".
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O ministro dos Negócios Estrangeiros de José Sócrates, questionado, esta segunda-feira, em Lisboa, sobre o prefácio escrito pelo presidente da República à edição das suas principais intervenções públicas no último ano, começou por sublinhar que não leu o texto.
"Direi apenas que é inoportuno, do meu ponto vista, porque o país precisa de estar mobilizado para outros problemas, para difíceis situações como aquelas que afetam hoje o dia a dia da atividade das empresas, da economia e também das família", afirmou a seguir Luís Amado, que falava aos jornalistas à margem do primeiro encontro "Triângulo estratégico: Améria - Europa- África", que decorreu à porta fechada.
"É preciso um grande esforço de coesão nacional. Nós precisamos de um amplo consenso nacional para poder sustentar o processo difícil de ajustamento que o país tem de fazer para preservar a sua posição no projeto europeu, num momento em que a Europa vai mudar muito rapidamente de configuração", acrescentou.
Para o anterior ministro dos Negócios Estrangeiros, "nessa perspetiva", é " totalmente inoportuno abrir processos de conflitualidade no sistema político português".
"Para além de considerar relativamente injusto o que ouvi. Eu não li o prefácio, terei que o ler para fazer um comentário mais rigoroso", insistiu.
Questionado sobre se houve "deslealdade" por parte de José Sócrates em relação ao presidente da República no processo relacionado com o 'PEC IV', como escreveu Cavaco Silva, Luís Amado respondeu: "Não faço comentários sobre os termos de um prefácio que eu não li. Tenho alguns ecos da imprensa, não estive no fim-de-semana em Lisboa e por isso não tenho mais nada a dizer além do que disse. E acho que já foi muito".