"No futuro, se houver uma deslealdade tão grande como esta, não demite o primeiro-ministro, nem denuncia a situação". Foi neste tom crítico que Marcelo Rebelo de Sousa comentou este domingo, na TVI, o prefácio escrito pelo presidente da República à sua obra "Roteiros VI".
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Em causa, as referências de Cavaco Silva à conduta de José Sócrates, que acusa de não o ter informado previamente, em 2011, da apresentação do PEC IV. Marcelo recorda que o chefe de Estado qualificou o ato como "deslealdade institucional", sustentando mesmo tratar-se do mais grave em 35 anos de democracia. Porém, não considerou que justificasse o afastamento do primeiro-ministro socialista, nem que o denunciasse publicamente.
Nestas condições, afirma, Cavaco Silva minimizou os seus próprios poderes. E não o fez no último ano de mandato, mas quando ainda faltam quatro, o que pode ter consequências futuras.
O ex-presidente do PSD, que, apesar de ter assumido a presidência da Fundação Casa de Bragança, não excluiu a possibilidade de vir a candidatar-se a Belém, falou ainda sobre a privatização da TAP. Disse esperar que Passos Coelho "não entregue o ouro ao bandido". Se a Iberia e a British Airways assumirem o controlo da companhia, as rotas africanas e para o Brasil passam a ser controladas a partir de Madrid, notou.