Os militares da GNR que vão participar na formação das forças de segurança afegãs ficarão instaladas em Cabul, junto com os homólogos europeus. Mesmo assim, Portugal será dos últimos estados a enviar este tipo de forças para aquele país.
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A decisão de envio dos militares da GNR, junto com militares das Forças Armadas, enquadra-se no acordo assinado entre os estados-membros da NATO para a retirada do Afeganistão a longo prazo, com a consequente entrega das responsabilidades às forças de segurança e militares afegãs.
O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, e o presidente afegão, Hamid Karzai, assinaram ontem em Lisboa um acordo de parceria, para transferência gradual de competências, que até 2014 ficarão nas mãos dos afegãos.
O envio da GNR insere-se neste enquadramento. Na Primavera do próximo ano, deverá deslocar para aquele país 15 militares, segundo adiantou o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, ontem em conferência de imprensa. O JN apurou que esse número deverá crescer até aos 40 homens.
O contingente de militares da GNR e os dos três ramos das Forças Armadas vai chegar aos 250 homens, segundo Santos Silva. Ocuparão instalações diferentes e usufruirão de condições distintas. Ontem à noite, a RTP 1 dava conta de que 232 formadores vão ficar em Cabul e um em Kandhar.
No entanto, na GNR, primeira força de segurança portuguesa a ser envolvida no Afeganistão, ainda não há informações seguras sobre o destino. Pode ter como alternativas Adraskan, no ocidente do Afeganistão, Masar-e-Sharif, no norte, ou Ward, nos arredores de Cabul. Mas é para a capital afegã que a deslocação é mais provável, uma vez que está a ser construído um quartel, que deverá ficar pronto na Primavera.
De qualquer forma, os militares da GNR ficarão enquadrados na Eurogenfor, a força de polícia europeia que desde Dezembro do ano passado está a dar formação à polícia afegã. Aliás, bem antes de a decisão ser tornada pública pelo ministro da Defesa Santos Silva, oficiais da GNR começaram a contactar o comando da Eurogenfor, onde a guarda está integrada, para perceber as condições no terreno e informar o Governo.
É que os norte-americanos insistiam na presença da GNR no Afeganistão, tendo chegado a ocorrer contactos directos nesse sentido entre oficiais-generais norte-americanos e autoridades portuguesas, a par de contactos pelas vias diplomáticas.
Bons exemplos
Em causa estará a experiência da GNR em Timor-Leste e, em particula,r na Bósnia - uma missão que está a terminar - e no Iraque. Em todas elas esteve presente a componente de apoio à manutenção da paz, na vertente policial, mas o desempenho no Iraque, em operações de combate, deixou os "norte-americanos muito impressionados", segundo declarações à Lusa do tenente-coronel Costa Lima, porta-voz da GNR, proferidas ontem, a propósito do interesse dos EUA.
Se bem que a missão no Afeganistão seja apenas de formação de quadros e soldados da gendarmerie local e não envolva a participação em combate, o facto de a GNR ter também um bom desempenho neste plano acabou por pesar nas preferências norte-americanas.