O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considerou que a moção de censura do PS ao Governo é perversa, por vir de quem conduziu o país ao "precipício financeiro", injustificada face aos resultados e infeliz no tempo.
Corpo do artigo
Numa intervenção durante o debate da moção de censura do PS, Pedro Passos Coelho assinalou que o Governo PSD/CDS-PP está a negociar, em coordenação com o executivo irlandês, a "extensão das maturidades dos empréstimos europeus da 'troika', que culminará dentro de pouco mais de uma semana nas reuniões que terão lugar em Dublin".
"O PS mostra que nem aquilo que ele próprio considera como de relevante interesse nacional o impede de levar por diante o seu propósito interno de criar rutura com o governo e instabilidade política no país", acrescentou Passos Coelho, acusando a direção socialista de António José Seguro de agir em função do "calendário partidário, em detrimento do calendário relevante para o país".
Numa alusão aos anteriores governos, o primeiro-ministro perguntou "com que autoridade censura o PS estes resultados que, no passado, foi ele próprio incapaz de atingir".
Passos Coelho alegou que o PS foi "o partido que mais aumentou o défice", que "menos reformas estruturais realizou", que "mais poupança destruiu e mais desequilíbrio externo provocou".
Quanto à atuação do Governo PSD/CDS-PP, reclamou que está a diminuir o défice, que é "a maioria que mais reformas tem produzido em Portugal", que "mais conseguiu elevar a poupança e reduzir o défice da balança corrente".
"Em suma, é espantoso, para não dizer perverso, que o partido que conduziu o país ao precipício financeiro e que negociou o resgate externo apareça agora a censurar a maioria e o Governo apenas porque estamos a cumprir os termos desse resgate e damos a cara pelo ajustamento inevitável a que nos conduziram. A censura apresentada pelo PS não é apenas perversa e injustificada face aos resultados obtidos. Ela é também infeliz no tempo em que se conjuga", concluiu.
Maioria é "bem mais unida" do que o PS
Passos Coelho garantiu durante o debate na Assembleia da República que a maioria governativa, "com dois partidos", está "bem mais unida" do que o PS, que é um só partido.
"Diz que a instabilidade política parte do Governo e apontou para o CDS. Não percebi se para o dr. Paulo Portas se para o deputado Nuno Magalhães. Mas quero-lhe garantir, que esta maioria, que tem dois partidos no Parlamento a apoiar o Governo e dois partidos no Governo está bem mais unida que o Partido Socialista que é um só partido", afirmou Passos Coelho.
O primeiro-ministro respondia ao secretário-geral do PS, António José Seguro que, no debate da moção de censura, tinha recusado qualquer responsabilidade pela "instabilidade política" e apontado para o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, como o responsável pela instabilidade na maioria.
"Instabilidade política? Olhe para o seu lado esquerdo, para o dr. Paulo Portas e de certeza que encontra instabilidade política", tinha afirmado António José Seguro, afirmando que existe instabilidade entre os dois partidos do Governo desde setembro do ano passado, quando o executivo "teve a peregrina ideia" de pedir aos portugueses que pagassem mais pelas contribuições à Segurança Social como forma de financiar a baixa da Taxa Social Única devida pelas empresas.