Mata Cáceres até confessa ser um "regionalista", apesar do PSD preferir a descentralização. Mas tem dúvidas quanto ao modelo de uma reforma que, em Trás-os--Montes e Alto Douro, leva à defesa de uma só região nortenha.
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O presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Mata Cáceres, mostra-se favorável à regionalização, mas manifesta dúvidas e interrogações sobre o mapa a desenhar. "Tenho que perceber exactamente o que é que querem fazer do ponto de vista da ideia da regionalização, porque eu, que me considero regionalista, tenho que perceber qual é o modelo para depois vestir essa camisola", refere o autarca social-democrata, citado pela agência Lusa.
"Fala-se muito em regionalização, mas quando é preciso abdicar da capacidade de decisão e autonomia em prol das regiões e das entidades que podem utilizar esses instrumentos, isso não acontece", considera Mata Cáceres, exemplificando com a questão da contratualização, que atribui verbas às autarquias, através das associações de municípios. "Se, de facto, estivéssemos perante uma ideia regionalista, em vez de nos darem uns trocos daquilo que é a verba global, teriam sido mais expansivos e teriam disponibilizado mais recursos", observa.
Embora volte a defender a ligação a concelhos da Beira Interior ou do Ribatejo, em detrimento dos vizinhos alentejanos, o autarca garante que não quer deixar de ser alentejano, "nem de perto, nem de longe". "Esse é um estatuto que ninguém me retira, mas nós temos enormíssimas situações em que só vemos vantagens de um incremento com o sul da Beira ou ao Ribatejo", conclui.
Já a Norte, a defesa da região administrativa de Trás-os-Montes e Alto Douro perdeu adeptos entre os promotores do movimento que no referendo de 1998 reuniu gente de vários quadrantes políticos agora disposta a aceitar a grande região Norte. "O que importa é que se faça a regionalização", é a opinião mesmo daqueles que discordam do modelo das cinco regiões administrativas.
"Prefiro que haja regionalização do que não haja região nenhuma", admite o presidente da Câmara de Mirandela, o social-democrata José Silvano, que foi promotor e fundador do movimento pela criação da região de Trá-os-Montes e Alto Douro no referendo de 1998.
"Há 10 anos, nenhum de nós tinha bem a noção das consequências da globalização", disse, por sua vez, outro fundador do movimento, o deputado e líder distrital de Bragança do PS, Mota Andrade, considerando que "só com mais escala e dimensão é que pode haver competitividade, nomeadamente com as regiões vizinhas espanholas da Galiza e de Castela e Leão".