<p>Um coro de desiludidos. Foi o que se ouviu de reacções dos partidos da Oposição ao programa do Governo, ontem, segunda-feira, apresentado no Parlamento. E avisaram que se o Orçamento vier na mesma linha de rumo, o PS ficará isolado no apoio ao Executivo.</p>
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O líder da bancada social-democrata, Aguiar Branco, citado pela Lusa, considerou que o texto programático "é um mau começo" e uma atitude "pouco responsável" por parte do Governo, "ao apresentar um programa que é a reposição em termos absolutos do seu programa eleitoral".
"É ainda é um tique de uma maioria absoluta, que já não tem, querer impor de uma forma absoluta o seu programa, sem olhar aos resultados eleitorais".
Na mesma linha de acusação, a "desilusão" surgiu na boca de Pedro Mota Soares, líder da bancada do CDS-PP para quem os socialistas "não perceberam que as circunstâncias mudaram".
"Não tiveram a humildade de reconhecer que as circunstâncias se alteraram e que não têm uma maioria absoluta no Parlamento" afirmou aos jornalistas, numa primeira avaliação do programa.
De acordo com o deputado democrata-cristão, a maioria relativa do PS "exigiria que o Governo tomasse opções diferentes, percebesse erros que se cometeram e tivesse nesse sentido uma capacidade de rectificar um conjunto de aspectos que não o fez".
Apesar da "desilusão" e das críticas, Mota Soares garante que o partido não apresentará uma moção de rejeição ao programa do Governo, reiterando que "o CDS é um partido e uma oposição responsável".
"Nós sabemos que apresentar neste Parlamento uma moção de confiança ou apresentar uma moção de rejeição do programa do Governo seria um acto irresponsável", frisou, como já o fizera antes Paulo Portas.
A Esquerda também acusa os socialistas de não terem percebido que já não dispõem de maioria absoluta no Parlamento.
Helena Pinto, do BE, embora rejeite o cenário de apresentar uma moção de rejeição ao programa, critica a opção do Governo por "uma política de continuidade, nomeadamente para fazer face à grave crise económica".
E porque a "a centralidade política está no Parlamento", sustentou, "é preciso que o Governo debata com todos os partidos e assuma depois as consequências daquilo que a maioria expressa no Parlamento decidir".
Também na opinião do comunista Bernadino Soares, o Governo "continua a não entender o sinal que foi dado pelos eleitores ao retirarem-lhe a maioria absoluta" e recusa também "alterar o fundo das suas políticas" como o partido tem vindo a exigir.
Heloísa Apolónia, dos Verdes, contestou o programa por ter ficado "aquém das expectativas" por não dar respostas aos problemas reais dos portugueses.